Redirecionamento

28 julho, 2012

Produção e Consumo de Álcool no Rio Grande do Norte - Parte 3

Dando sequência nossa série de postagens sobre a indústria sucroalcooleira do Rio Grande do Norte, verifico agora se esse setor produz álcool suficiente para abastecer a frota de veículos que roda em território potiguar.

Antes de detalhar os dados é importante verificar alguns procedimentos metodológicos que adotei para chegar a esses números e quais as fontes de dados que utilizei.

1) para a produção de álcool anidro e hidratado no período 2001 a 2010 utilizei como fonte o "Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis", publicado pela ANP. Para os anos de 2011 e 2012 utilizei como fonte a estimativa da CONAB para as safras 2011/2012 (para o ano 2011) e 2012/2013 (para o ano 2012);

2) para o consumo de álcool hidratado utilizei os dados de volume combustíveis entregues à distribuidoras. Esses dados são publicados mensalmente pela ANP;

3) para o consumo de álcool anidro, cuja principal utilização é a mistura na gasolina automotiva, eu fiz uma estimativa a partir do consumo anual de gasolina tipo C. Para essa estimativa do volume de álcool que é necessário para compor a gasolina tipo C eu utilizei, para todos os anos, um percentual de álcool de 20%. Esse percentual é o que é praticado no momento. Sei que em determinados períodos o percentual foi diferente (ora um pouco mais ou um pouco menos), mas como não dispunha de forma fácil desses distintos percentuais, optei pela utilização dos 20%. Não acredito que compromete a qualidade dos dados finais.

A principal conclusão a que chego após esse exercício numérico é que a produção de álcool pelas usinas do RN ainda não é suficiente para o atendimento completo da demanda local.

Enquanto o estado produz cerca de 100 milhões de litros de álcool por ano, a demanda local gira em torno de 150 milhões de litros.



O maior déficit encontra-se, no momento, na oferta de álcool anidro (utilizado na mistura com a gasolina). Anualmente o consumo anual de gasolina no estado gira em torno de 500 milhões de litros. Como essa gasolina é composta por 20% de álcool, são necessários 100 milhões de litros de anidro para atender a demanda para tal mistura. Ora, conforme já mostrado em post anterior, a produção de álcool anidro no estado está em torno de 50 milhões de litros. Portanto, a oferta local é insuficiente para atender toda essa demanda.

No que diz respeito ao álcool hidratado (utilizado no abastecimento dos carros movidos a álcool e também na fabricação de bebidas alcoólicas), a produção no estado está na casa dos 50 milhões de litros. O consumo do produto, apenas como combustível, já chegou a atingir quase 100 milhões de litros em 2009. Desde então esse consumo vem caindo e provavelmente em 2012 será abaixo da oferta local do produto.



 Considerando a perspetiva de crescimento da demanda por álcool no estado (sobretudo na versão anidra), podemos dizer que não há expectativa no curto prazo de que a produção local passe a ser autossuficiente. No que diz respeito ao álcool hidratado, tudo depende da política de preços do mesmo e da gasolina. Caso o consumo do mesmo volte a ser viável para o motorista, a demanda local pode passar por um novo boom e a oferta voltará a se distanciar do volume consumido.

Podemos dizer, portanto, que do ponto de vista da demanda não há fatores que travem a indústria sucroalcooleira no RN.

27 julho, 2012

A Produção de Cana de Açúcar no Rio Grande do Norte - Parte 2

A segunda metade da década passada no Brasil foi mercado por um forte crescimento da produção agropecuária, puxado tanto pelo desempenho da economia interna (com crescimento da renda e do crédito) quanto pelo cenário favorável internacional.

No caso da cana-de-açúcar, entre 2005 e 2010 a produção nacional cresceu 70%, saindo de aproximadamente 420 milhões de toneladas no meio da década para cerca de 720 milhões no final. 

As regiões Sudeste e Centro-Oeste do país responderam por 70% e 20%, respectivamente, dessa expansão. O Nordeste, por sua vez, apesar de ter registrado um crescimento de 13% na produção, acabou perdendo participação no cenário nacional da produção canavieira. Essa perda de participação se deu, sobretudo, em função do forte avanço da cultura nos serrados brasileiros.

O forte crescimento da produção de cana no país nesse período respondeu, de um lado, ao aumento na venda de veículos flex, que significou um crescimento na demanda por álcool e, de outro, no cenário internacional de bons preços do açúcar. 

Ao longo da década de 2000 a produção brasileira de cana-de-açúcar mais do que duplicou (cresceu 120%) quando na década anterior o crescimento havia sido de apenas 24%.



No Rio Grande do Norte, após uma década de 90 onde a produção média no girava em torno de 2,2 milhões de toneladas, chega-se ao final dos anos 2000 com a produção beirando os 4 milhões de toneladas, com crescimento, portanto, de aproximadamente 79% em relação à média da década anterior.

No contexto nacional a produção de cana-de-açúcar no RN é uma gota d´água em meio a um oceano. À título de exemplo, em 2011 a produção brasileira foi de 715 milhões de toneladas de cana. No RN o volume produzido foi de apenas 3,6 milhões de toneladas. Ou seja, o estado produz menos de 1% da produção nacional. Mesmo no Nordeste nossa produção é modesta, em 2011 respondemos por apenas 5% de aproximadamente 72 milhões de toneladas produzidas na região.

A despeito da modesta de nossa economia canavieira no cenário nordestino e brasileiro, em termos de valor da produção a cana-de-açúcar é o principal produto da agricultura potiguar. Em 2010 o valor da cana produzida no estado foi de quase R$ 200 milhões, o maior valor da produção entre todos os produtos da agricultura do Rio Grande do Norte.


No Rio Grande do Norte o litoral sul do estado é o principal pólo produtor de cana. É uma vasta área que se estende do município de São José do Mipibu e segue em direção à fronteira paraibana, e tendo nos municípios da Baía Formosa (principal produtor do estado), Canguaretama e Goianinha o núcleo central da cultura canavieira potiguar.

Na porção semi-árida do estado a produção da cana é encontrada no Seridó e no Alto Oeste. No geral uma produção mais artesanal e voltada à produção de rapadura e cachaça.

26 julho, 2012

Produção de Açúcar e Álcool no RN na Safra 2012/2013 - Parte 1

Recentemente descobri que a CONAB  realiza junto à indústria sucroalcooleira do estado um interessante levantamento sobre a quantidade de cana moída, o destino da mesma (produção de açúcar ou álcool) e o volume produzido por essas indústria (a verdade ela faz esse levantamento em todos os estados produtores de cana). Esse levantamento é realizado três vezes no ano e procura mensurar o desempenho anual do setor.

No primeiro levantamento realizado pelo órgão este ano, a CONAB já fez uma estimativa da quantidade de cana a ser moída e da produção que teremos de açúcar e álcool na safra 2012/213, cuja moagem se inicia no segundo semestre.

Pelos dados apresentados pelo órgão federal, na safra que se iniciará em breve as usinas do estado irão moer aproximadamente 3,26 milhões de toneladas de cana, as quais terão os seguintes destinos: 1,885 milhão de toneladas irá para a produção de açúcar e 1,376 milhão para a produção de etanol. Da cana destinada à produção de etanol, aproximadamente 669 mil toneladas serão para a produção de etanol anidro (destinado à mistura na gasolina) e 707,8 mil toneladas para a produção do álcool hidratado.


Com essa cana moída as usinas do RN planejam obter 102,85 milhões de litros de etanol (48,9 milhões de anidro e 54,0 milhões de hidratado) e 231,7 mil toneladas de açúcar. Nesse primeiro levantamento, que ainda possui um caráter bastante preliminar (somente ao fim da moagem da safra, lá para fevereiro de 2013, é que teremos os números definitivos), ocorrerá uma aumento,em relação á safra 2011/2012, na produção  de álcool da ordem de 2,5% e de açúcar de 2,3%, 



É importante destacar que o setor de açúcar e álcool no estado tem um peso significativo na economia estadual, sobretudo no litoral oriental do estado. A cana-de-açúcar é o produto agrícola do RN com o maior valor de produção. O valor da produção anual de cana no RN é de aproximadamente R$ 200 milhões. Além disso, utilizando o preço médio pago em Pernambuco no mês junho para o álcool e o açúcar cristal, podemos estimar o valor da produção de álcool no RN (safra 2012/213) em aproximadamente R$ 144 milhões e a produção de açúcar em cerca de R$ 300 milhões. Juntas, portanto, essas duas produções geram um valor de quase R$ 450 milhões.

Mesmo tendo um peso importante na economia estadual, a produção de açúcar e álcool no RN é apenas marginal no cenário brasileiro e tem pouca importância no contexto da economia sucroalcoleira nordestina.

Em primeiro lugar porque essa indústria está fortemente concentrada na região centro-sul do país. Segundo a CONAB na safra 2012/213 as usinas do centro-sul irão moer cerca de 532 milhões de toneladas, contra apenas 70 milhões na região norte/nordeste. Somente SP responderá pela moagem de 323 milhões de toneladas.

No Nordeste, a CONAB estima que serão produzidas 5,11 milhões de toneladas de açúcar na próxima safra (13% da produção nacional), das quais 2,68 milhões serão em Alagoas e 1,61 milhão em Pernambuco. Na produção de etanol o Nordeste responderá por 8,32% dos cerca de 24 bilhões de litros que o Brasil irá produzir. De uma produção de 1,99 bilhão de litros no Nordeste, 666 milhões sairão de Alagoas, 363 milhões da Paraíba e 302 milhões de Pernambuco (os três principais produtores de álcool da região).

A indústria sucroalcooleira do Nordeste tem nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba seus principais representantes. O RN ocupa a 5ª colocação.


PS.: AMANHÃ COLOCAREI MAIS DADOS SOBRE A EVOLUÇÃO RECENTE DA INDÚSTRIA CANAVIERA NO RN.



25 julho, 2012

O Mercado de Trabalho Formal no Rio Grande do Norte - 2011 X 2012

O mercado de trabalho formal no RN nesse primeiro semestre de 2012 mostrou-se melhor do que no mesmo período de 2011. para alguns setores, todavia, o desempenho foi pior este ano.

Em termos gerais, enquanto no primeiro semestre do ano passado o estado registrava um saldo negativo de 1,7 mil postos e trabalho perdidos, este ano o semestre se encerrou com saldo positivo de 522 novos postos de trabalho.

O saldo desse ano foi puxado principalmente pelo crescimento dos empregos gerados nos setores de serviços e de comércio. O setor de serviços saltou de um saldo positivo de 2,4 mil empregos de janeiro a junho de 2011 para um saldo de 4,1 mil empregos no primeiro semestre de 2012. Para o setor de comércio o saldo variou de 804 para 1.308, no mesmo período.

A construção civil também registrou um saldo positivo, mas foi 27% menor do que o registrado no ano passado.

Em sentido inverso, com saldos negativos, destacam-se a agropecuária (tradicionalmente com saldo negativo no primeiro semestre) e a indústria de transformação.

O saldo negativo da agropecuária foi menor do que o registrado no ano passado. Para a indústria de transformação, porém, a situação foi mais crítica no de no primeiro semestre de 2011.

As expectativas de desempenho do mercado formal de trabalho no RN nesse segundo semestre é de que o saldo irá se ampliar. Já agora em junho a agropecuária estadual começou seu ciclo de contratações sazonais. A tendência, portanto, é que nos próximos meses o setor agropecuário puxe as contratações no estado em função das safras de melão, melancia e cana-de-açúcar.

Mesmo o setor industrial irá melhorar nesse segundo semestre. Em primeiro lugar porque haverá contratações das usinas de açúcar e álcool. Além disso, acredito que o setor têxtil (que vem passando por uma grande onda de demissões há quase 24 meses), vai começar a reverter esse quadro. Em um primeiro momento esse ritmo de demissões irá se reduzir (vejo isso no segundo semestre) e posteriormente o setor poderá até voltar a contratar (vejo isso somente em 2013), favorecido por um câmbio melhor, pelo maior ritmo de crescimento da economia e pelas políticas de incetivos que o mesmo recebeu do governo federal.





23 julho, 2012

Rio Grande do Norte: Vendas de Automóveis e Motos em Rumos Diferentes

O mercado de veículos novos no RN terminou o primeiro semestre de 2012 com as vendas seguindo em direção contrária, conforme o segmento do setor.

Em termos gerais o mercado apresentou um leve crescimento quando comparado ao primeiro semestre do ano passado. Entre janeiro e junho desse ano foram comercializados no RN 34.164 veículos novos, um crescimento de 2,34% sobre os números do mesmo período de 2011, quando foram comercializados no estado 33.382 veículos novos.

Todavia, a abertura dos dados por categoria de veículos revela que a dinâmica não é a mesma para todos os segmentos. Os segmentos de automóveis, comerciais leves e ônibus registraram crescimento nesse período de 11,4%, 4,66% e 70,87%, respectivamente. 

Mas, por outro lado, as vendas de caminhões e motos registraram queda. As vendas de caminhões novos no estado caíram 16,2% e as de motos recuaram 4,37%.


18 julho, 2012

Crédito e Inadimplência no Rio Grande do Norte

Dados do Banco Central divulgados recentemente revelam que o saldo das operações de crédito bancário para pessoa física no RN atingiram o volume de R$ 10 bilhões em abril de 2012. É o maior saldo da história. 

Acompanhando a dinâmica do crescimento do crédito no estado nos últimos anos percebemos que de 2004 ao início de 2008 ocorreu uma forte expansão no volume do mesmo. Com o advento da crise financeira internacional e as políticas de aumento dos juros e a redução do ritmo de expansão da economia, o crédito para pessoa física no estado continuou a se expandir porém a uma velocidade cada vez menor.

Esse ciclo de desaceleração durou até setembro de 2009. Foi uma forte queda no ritmo de expansão do crédito no período. Em março de 2008, o pico da expansão, o crédito para pessoa física no estado havia subido 54% em relação aos 12 meses anteriores. Em setembro de 2009 essa expansão havia se retraído para uma taxa de 21%.

Entre setembro de 2009 e janeiro de 2011 a expansão do crédito no estado voltou a se acelerar até atingir uma taxa de 29% no início do ano passado. Todavia, naquele momento começaram a surtir efeito as novas políticas de contenção da economia que visavam reduzir as taxas de inflação, as quais ameaçavam extrapolar os limites estabelecidos pelo regime de metas de inflação. 

Esse novo ciclo de desaceleração dura até o fim de 2011, quando a taxa de expansão fica na casa 23%. 

Os dados para 2012, porém, demonstram que o crédito para pessoa física no RN vem tendo uma forte aceleração nesse início de ano. Em abril ele estava 38% acima do saldo do mesmo mês de 2011.


Os dados de inadimplência, por sua vez, revelam que esta aumenta em períodos de crise da economia e que coincidem, justamente, com os ciclos de desaceleração do volume de crédito. O gráfico abaixo mostra como ao longo de 2011 a inadimplência das pessoas físicas no estado subiu continuamente. Por outro lado, esse mesmo gráfico demonstra que, muito embora a inadimplência nesse início de ano esteja superior ao do mesmo período do ano passado, ela está estacionada e demonstra tendência ao recuo nos próximos meses.

Além disso, podemos ver que o aumento da inadimplência no ano passado foi bem inferior àquela ocorrida na crise de 2008, quando o pico chegou a atingir 7%. No ciclo de aumento da inadimplência em 2011 o pico foi até 5,9%. 

Os dados significam, portanto, que a economia do estado já demonstra uma melhora de perspetivas para os próximos meses, com o efeito desse crédito maior e com a inadimplência recuando. Acredito que o setores de comércio e serviços serão os mais beneficiados desse novo ciclo que se inicia.





17 julho, 2012

Natal/RN: famílias tem o maior percentual de comprometimento da renda com pagamento de dívidas

Em pesquisa divulgada pela Federação do Comércio Varejista de São Paulo (FECOMÉRCIOSP), intitulada "Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras", Natal aparece com um grande destaque negativo.

A capital potiguar é a capital brasileira onde as famílias possuem o maior nível de comprometimento de sua renda com o pagamento de dívidas. De acordo com a pesquisa 38,1% da renda das famílias de Natal destinam-se ao pagamento de dívidas. A média das capitais brasileiras é de 29,5%.



A pesquisa compara os indicadores de endividamento nos anos de 2010 e 2011 e constata, entre outras coisas, crescimento do endividamento das famílias da capital potiguar.

Segundo os dados em 2011 75,14% das famílias de Natal/RN estavam endividadas. Eram aproximadamente 178 mil famílias com algum endividamento. O valor total das dívidas dessas famílias era de R$ 259,4 milhões e o valor médio das mesmas por família era de R$ 1.501.





16 julho, 2012

Rio Grande do Norte Consolida Autossuficiência em Cimento

O Rio Grande do Norte consolidou, no início de 2012, sua autossuficiência na produção de cimento. De dezembro de 2011 até março de 2012 (último número disponível) que sistematicamente a produção local tem superado o consumo.


No primeiro trimestre de 2012 foram consumidas no estado um total de 246,9 mil toneladas de cimento. Nesse mesmo período a produção nas duas fábricas existente em território potiguar (uma localizada em Mossoró e a outra em Baraúna), produziram 260,3 mil toneladas.



Tanto o consumo quanto a produção de cimento apresentam forte crescimento nesse início de ano. A produção cresceu 178% comparada ao mesmo trimestre de 2011 e o consumo cresceu 18%. Março registrou o mês de maior consumo de cimento da história do RN, foram consumidas no estado 90,4 mil toneladas do produto.

É provável que o consumo local já esteja refletindo nesse primeiro trimestre as obras de construção do estádio Arena das Dunas. Em comparação ao cenário do Nordeste e do Brasil, os números do crescimento do consumo de cimento no RN apresentaram um desempenho melhor. No estado o consumo cresceu 18%, contra 16% no Nordeste e 13% no Brasil.



12 julho, 2012

O Comércio Varejista do RN em 2012

O IBGE divulgou ontem os dados de desempenho do comércio varejista do RN referente ao mês de maio.  A partir dos dados publicados mensalmente até agora é possível traçarmos algumas conclusões sobre o desempenho do setor no estado ao longo dos primeiros 5 meses do ano.

A primeira delas é que o ritmo de crescimento das vendas do comércio local está em um nível abaixo do comércio nacional, ou seja, o comércio brasileiro vem crescendo mais que o comércio do RN. No ano o varejo restrito brasileiro cresce a 8,99% enquanto o do RN cresce a 4,31% (menos da metade do ritmo nacional). Já o varejo ampliado (este último inclui material de construção, veículos e peças para veículos) cresce no Brasil a uma taxa de 5,77% enquanto no RN cresce a 3,55%.

Outra conclusão importante é que o comércio restrito está crescendo num ritmo mais forte que o varejo ampliado. Este último vem sendo afetado pelo ritmo lento das vendas de veículos novos no estado.



Desde o ano passado que eu venho defendendo a tese de que a partir do segundo trimestre deste ano as vendas no varejo potiguar iriam reagir e iniciar um novo ciclo de aceleração. Minha tese está correta, embora apenas em parte. O primeiro trimestre do ano parece de fato ter marcado o fundo do poço do processo de desaceleração do comércio potiguar. Todavia, a recuperação ainda não se mostrou de modo mais consistente. Nos dados do acumulado em 12 meses o gráfico ainda está andando de lado. Acredito que ao longo do ano as vendas voltem a se acelerar, muito embora o crescimento ao final do ano provavelmente não irá ultrapassar a casa dos 7%.



11 julho, 2012

No RN o Consumo de Combustíveis Cresce 7,5%. Vendas de Etanol Caem


No primeiro quadrimestre de 2012 as vendas de combustíveis no RN cresceram 7,5% e alcançaram o volume de 439,6 mil m³. 

Dos combustíveis veiculares o destaque ficou com as vendas de gasolina, que subiram 17,7% de janeiro a abril deste ano comparado ao mesmo período do ano passado. Foram entregues às distribuidoras de combustíveis de estado no primeiro quadrimestre desse ano um total de 175,5 mil m³ de gasolina. A gasolina  se tornou, nos últimos anos, o principal combustível vendido no estado, com um forte crescimento na esteira do boom de vendas de veículos novos. 

O segundo combustível mais importante no estado é o óleo diesel, cujo volume comercializado nos primeiros quatro meses do ano foi 149,9 mil m³, com crescimento de 11,3%.

O GLP teve um crescimento de apenas 3,4% e atingiu um montante de 64 mil m³.

O etanol apresentou uma forte queda no volume comercializado. Nos primeiros quatro meses de 2011 haviam sido comercializados no estado 24,6 mil m³ do produto. No mesmo período deste ano esse volume caiu para 15,1 mil m³, queda de 39%.


09 julho, 2012

Exportações de Tungstênio do RN Crescem 140%, Mas Ritmo Desacelera

No primeiro semestre de 2012 as exportações do RN de Tungstênio, minério originado da sheelita, atingiram o montante de US$ 2,6 milhões. Esse é um valor 140% maior do que o registrado no mesmo período de 2011. Nesse semestre o estado ampliou sua liderança no mercado nacional de exportações de tungstênio. Cerca de 68% das exportações brasileiras desse minério saíram do RN.


Todavia, uma análise dos dados demonstra que esse crescimento dá sinais de esgotamento. Provavelmente no acumulado até 12 meses, mantida as últimas tendências, seguiremos em um crescimento mais lento até o final do ano. Acredito que o valor exportado no segundo semestre no máximo ano repetira o volume do primeiro semestre. Porém o mais provável é que ocorra uma redução.

Uma das razões para essa desaceleração no valor das exportações potiguares desse minério é que está ocorrendo uma queda no preço internacional do produto. Muito provavelmente em função da desaceleração da economia chinesa.

Em junho desse ano o preço do minério exportado ficou 45% abaixo daquele registrado em outubro do ano passado e 18% abaixo de junho de 2011. 


06 julho, 2012

RN: Importações de Resinas Plásticas em 2012

O padrão de importações do RN é marcado pela compra no mercado internacional de matérias-primas de uso industrial, bem como de máquinas e equipamentos. Isso significa dizer que a economia estadual praticamente não importa produtos de uso final, para consumo direto. Suas importações são realizadas basicamente pelo setor produtivo do estado para modernização/ampliação da produção ou como insumos de outros processos produtivos.

Um importante item na pauta de importações do estado são as resinas plásticas. No primeiro semestre de 2012 dos aproximadamente US$ 107 milhões importados pelo RN, cerca de 19% foram de resinas plásticas, que registraram um valor de US$ 20,4 milhões.

Exemplos dessas resinas são o polietileno e o polipropileno. As resinas plásticas são usadas, por exemplo, na fabricação de embalagens, canos e conexões e piscinas. No Brasil a principal empresa fornecedora desses produtos é a petroquímica Braskem.

Conforme podemos ver no gráfico abaixo, que traz os dados de importações do primeiro semestre de cada ano, havia uma tendência ao crescimento da importação do produto pelo RN. Essa tendência foi quebrada agora em 2012. Muito provavelmente em função da desvalorização do Real nos últimos meses as importações do produto se tornaram menos competitivas. Reforça essa tese a informação de que tal redução ocorreu também nas importações brasileiras desses produtos.


No primeiro semestre de 2012 o Nordeste importou US$ 198,6 milhões de resinas plásticas. O Rio Grande do Norte foi o quarto maior importador da região, respondendo por 10,3% do valor importado. Quem mais importa resinas plásticas na região Nordeste é Pernambuco, seguido da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

Tanto o Nordeste quanto esses estados registram queda no valor importado de resinas plásticas nesse primeiro semestre de 2012 quando comparado comparado ao mesmo período do ano anterior. As maiores quedas ocorreram em Pernambuco (-34%) e no RN (-30%) e as menores na Bahia (-5%) e no Ceará (-3%).


A origem das importações do RN de resinas plásticas é bastante diversificada. Países da América do Norte e do Sul, Europa, Ásia e Oriente Médio fornecem o produto às indústria potiguares. No primeiro semestre desse ano a Holanda, os EUA e a Índia foram os principais fornecedores do mercado local.


Os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) são as principais portas de entrada dessas importações do RN. Eles responderam por 45% e 43%, respectivamente, das importações potiguares de resinas plásticas no primeiro semestre de 2012.

05 julho, 2012

Exportações do RN Crescem 15% no Primeiro Semestre de 2012

No primeiro semestre de 2012 o RN exportou US$ 121,6 milhões, esse valor foi 15% superior ao registrado no mesmo período de 2011. As frutas tropicais continuam sendo os principais produtos da pauta de exportação do estado. O segmento de frutas exportou nesse primeiro semestre US$ 50,2 milhões, crescendo 5,13% em relação ao primeiro semestre do ano passado e representando aproximadamente 41% das exportações estaduais.




Os três principais produtos da pauta de exportações do estado nesse primeiro semestre foram: castanha (US$ 22,8 milhões), melões (US$ 13,8 milhões) e produtos de confeitaria (US$ 9,2 milhões).

Em relação ao primeiro semestre de 2011 as exportações de castanhas praticamente repetiram o mesmo valor. Os melões tiveram um aumento de valor de 26,25% e os produtos de confeitaria aumentaram 240%.

Um caso interessante vem acontecendo com as exportações de castanha. Em termos de volume exportado os dados dos primeiros semestre de 2011 e 2012 estão cerca de 35% abaixo da média do biênio 2009/2010. Todavia, nesse período ocorreu uma forte elevação nos preços do produto, que saltaram de uma média aproximada de cinco dólares por kg em 2009/2010 para algo em torno de oito dólares por kg nos dois últimos anos. A quebra das safras no Nordeste brasileiros e de alguns países africanos exportadores do produto foi o principal fator responsável por essa elevação dos preços.

Em função do preços aumentarem significativamente, mesmo o volume de castanha exportada nos últimos dois anos terem sido bem abaixo da média dos anos anteriores, em termos de valor ocorreu um aumento. É bem provável que, com uma possível queda na produção do Nordeste esse ano, os preços continuem em patamares elevados (talvez até mais altos do que nesse primeiro semestre) e o valor total das exportações em 2012 seja superior ao valor registrado em 2011.


Os EUA foram o principal destino das exportações do RN nesse primeiro semestre. Logo em seguida vieram Espanha, Holanda e Argentina. O interessante foi a presença da Mauritânia (para quem não sabe, é um país que fica na Africa) em quinto lugar.

O que diabos exportamos para a Mauritânia? AÇÚCAR.

04 julho, 2012

A Indústria de Petróleo e Gas do RN na Economia Industrial do Nordeste

O principal ramo de atividade da indústria potiguar está ligado à produção e refino de petróleo. Quase 40% dos R$ 9,1 bilhões de Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) local é originário dessas atividades. Além disso, no contexto do Nordeste a indústria potiguar de produção e refino de petróleo responde por 17,6% do VBPI regional. Só perdemos para a Bahía, que possui atualmente a maior refinaria de petróleo do Nordeste.


Em 2010 o VBPI da indústria do petróleo no RN foi de R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 1,6 bilão da extração de petróleo e gás natural, R$ 0,53 bilhão das atividades de apoio à extração de minerais (mas que na verdade é basicamente atividades de apoio à indústria de petróleo) e R$ 1,4 bilhão da fabricação de derivados de petróleo.




Em termos regionais o estado responde por 8,7% do VBPI do refino, 50,2% da extração de petróleo e gás e 69,5% das atividades de apoio à extração mineral. No total cerca de 17,6% do VBPI do petróleo da região Nordeste vem do Rio Grande do Norte.


Não há sombra de dúvidas, portanto, que o setor de petróleo e gás é o mais importante segmento econômico do RN do ponto de vista do PIB estadual. Sua contribuição é mais relevante ainda naquelas regiões do estado onde se encontram as atividades de exploração e refino do produto. Nesses espaços o peso da economia do petróleo é muito mais acentuado que na média do estado.

Significa dizer também que o futuro dessas atividades no RN são fundamentais para o desenvolvimento do estado e para o desempenho da economia local.


03 julho, 2012

A Indústria Têxtil e de Confecções do RN no Contexto da Região Nordeste

Em 2010 o valor bruto da produção da indústria têxtil e de confecções do Nordeste foi de aproximadamente R$ 10,1 bilhões. O Ceará ocupa a primeira colocação no ranking dos estados da região, com uma produção anual de R$ 3,7 bilhões, seguido da Bahía (R$ 1,75 bilhão) e do Rio Grande do Norte (R$ 1,58 bilhão).

Portanto, a indústria têxtil e de confeções do RN tem um peso importante no contexto dessa indústria nordestina, respondendo o estado por aproximadamente 16% do valor bruto da produção desse setor na região.



Internamente à economia do RN esse também é um setor importante, pois aproximadamente 26% do valor da produção da indústria de transformação do RN é oriundo desse setor.

Nos 15 anos decorridos entre 1996 e 2010 o valor bruto da produção do setor saltou, em termos nominais, de R$ 282 milhões para R$ 1,58 bilhão. Além disso, a participação do estado na indústria regional cresceu de 10,9% em 1996 para 15,6% em 2010.

Um dado relevante, porém, é que desde meados da década passada que o RN deixou de ganhar espaço no contexto regional da indústria têxtil e de confecções. Com a recente decisão da Coteminas de fechar a fábrica de São gonçalo do Amarante a produção local pode perder importância na economia da região.