Redirecionamento

18 outubro, 2012

A Reversão do Saldo Líquido Migratório do Rio Grande do Norte

Conforme eu já demonstrei aqui em outras postagens, o Rio Grande do Norte, assim como o conjunto dos estados da região Nordeste, tradicionalmente foram um espaço de expulsão demográfica, ou seja, tradicionalmente saíram (emigraram) mais pessoas do estado do que entraram (imigraram).

O principal destino histórico das migrações do RN foram o Sudeste do país. Esse processo histórico de expulsão demográfica pode ser visualizado na tabela abaixo (com dados divulgados ontem pelo IBGE).

Como podemos ver o censo de 2010 encontrou 445.170 potiguares residindo em outra Unidade da Federação. No sudeste residiam a maioria dos norteriograndenses que abandonaram o estado, eram 215.576 pessoas (das quais 122.755 em SP). Por outro lado residiam no RN 265.629 pessoas que não eram natural do estado (exclusive as estrangeiras e aquelas que não foram identificado a UF de nascimento).

No caso da imigração a principal região de origem dos imigrantes do RN é o próprio Nordeste (184.266 pessoas), principalmente dos estados Paraíba (97.309), Ceará (37.475) e Pernambuco (29.866).

Como podemos ver, historicamente o estado só possui saldo migratório positivo com a região Nordeste.


Mas dois outros conceitos de migração demonstram que esse padrão histórico vem mudando nas últimas décadas. O primeiro indicador de que o RN vem revertendo seu saldo líquido migratório, deixando de ser um espaço de expulsão demográfica para ser um espaço de atração (ou de equilíbrio migratório), está no conceito migração de última etapa.

Nesse quesito o Censo pergunta se a pessoa vive há menos de 10 anos no estado e qual a última Unidade da Federação de residência. Assim, o indicador apresenta um balanço aproximado das entradas e saídas de naturais e não naturais do estado no espaço temporal dos últimos 10 anos. 

Por esse conceito saíram do estado nos últimos 10 anos que antecederam ao censo 2010 um total de 177.146 pessoas, tendo a região Nordeste como o principal destino dessa emigração. Por outro lado entraram no estado 133.479 pessoas, sendo a origem principal delas também a região Nordeste. Conforme podemos ver na tabela abaixo o saldo migratório do RN é positivo, inclusive com a região Sudeste do país. Somente com o Centro-Oeste há um saldo visivelmente negativo e um pequeno saldo negativo com o Sul.




Um outro indicador também revela que o estado vem revertendo seu saldo migratório. É a investigação chamada de migração por data-fixa. Nesse caso o IBGE pergunta ao indivíduo qual era sua Unidade da Federação de residência na data de 31/07/2005 (exatamente há cinco anos da data de referência do censo 2010).

Por esse indicador o estado também vem registrando saldo migratório positivo (excessão novamente para as regiões Sul e Centro Oeste).


Portanto, apesar de historicamente o estado ter perdido população e isso se revelar no fato de haver mais potiguares residindo em outros estados do que de não potiguares morando no RN, nas últimas décadas (na verdade esse fenômeno começou na segunda metade dos anos 90) o estado reverteu seu saldo líquido migratório, passando de negativo para positivo.

Na última década o RN registrou saldo positivo não mais somente com o Nordeste, mas registrou também com o Sudeste e mais especificamente com São Paulo e com Rio de Janeiro. Ou seja, entre o RN, SP e RJ os fluxos migratório já são maiores na direção de lá para cá (de SP e do RJ para o RN) do que daqui para lá. Provavelmente parte desse fluxo do Sudeste para o Rio Grande do Norte seja de migrantes de retorno, ou seja, de pessoas que em algum momento do passado migraram para lá e agora estão retornando a seu estado de nascimento.

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