Redirecionamento

24 novembro, 2011

Na última década o RN cresceu menos que o Brasil e o Nordeste

Em 2009 a economia brasileira, seguindo a crise que se abateu sobre o mundo, teve um crescimento negativo de 0,3%. Naquele mesmo ano a economia do RN cresceu 1,5% e a do Nordeste 1,0%. O RN alcançou em 2009 um PIB de R$ 27,9 bilhões (o 6º maior do Nordeste).

Todavia, esse maior crescimento do PIB do RN frente ao Nordeste e ao Brasil em 2009 é um ponto fora da curva na tendência recente do crescimento do estado.

Desde 2003 que o padrão de crescimento do RN vem sendo, sistematicamente, inferior à média de crescimento do Brasil e da Região Nordeste. Essa situação contrasta com o período imediatamente anterior (1996-2002), quando a economia do RN cresceu em todos os anos em um ritmo superior às economias brasileira e nordestina.

Essa situação pode ser facilmente visualizada nos dois gráficos abaixo.

No primeiro gráfico apresentamos o crescimento anual do PIB do RN em comparação com o mesmo indicador do NE e BR. Vemos que entre 1996 e 2002 o RN cresceu sempre a uma taxa superior. No período seguinte esse maior crescimento ocorreu apenas em dois anos (2006 e 2009).


Outra informação importante é que, entre 1995 e 2002 o crescimento acumulado do RN foi o maior entre os estados do Nordeste e o 9º maior do país. O crescimento acumulado do estado nesse período foi de 24,5%, ante, por exemplo, um crescimento de 14,9% do Brasil. No período 2002 a 2009, porém, o crescimento acumulado do Brasil sobe para 27,5%, enquanto o do RN vai apara apenas 24,6%. Como consequência o território potiguar passa a registrar o pior crescimento entre os estados do Nordeste no período 2002-2009 e cai para a 22ª posição no ranking nacional.

O segundo gráfico revela de forma mais nítida o que aconteceu nesse período. O gráfico apresenta a média móvel de 4 períodos do crescimento do RN, do Nordeste e do Brasil. Vemos nitidamente nesse gráfico que entre a segunda metade dos anos 90 e a segunda metade dos anos 2000 ocorreu uma aceleração do crescimento das economias. Todavia, essa aceleração se deu com mais intensidade para a média brasileira e nordestina do que para o RN. Em outras palavras nós podemos afirmar que, na média o crescimento do estado se acelerou no período, mas essa aceleração foi inferior ao que aconteceu com a média brasileira e nordestina.


Acredito que esse menor dinamismo relativo da economia do RN nesse período possa ser atribuído a dois conjuntos de fatores. O primeiro deles está associado às nossas condições internas e à desaceleração da produção de petróleo no estado. É importante ressaltar o grande peso que tem a economia do petróleo no PIB do estado (proporcionalmente maior do que em qualquer economia do Nordeste) e o fato de que essa produção vem declinando desde meados da década. Portanto, com o fim da expansão da produção de petróleo e o início do seu declínio a economia do estado foi afetada em função do peso dessa atividade na geração local de riqueza.

O outro fator está associado ao desempenho das outras economias do Nordeste. Muitas delas receberam importantes obras infraestruturantes no período (portos, ferrovias, indústrias...) que garantiram um ritmo mais acelerado de seu crescimento.

Vamos esperar os resultados dos próximos anos para verificar se a economia do RN consegue reverter essa tendência de crescer a um ritmo inferior à média brasileira e da região Nordeste. O ano de 2010 foi um ano de forte crescimento, tanto do Brasil quando do NE e do RN, mas ainda não dá para saber se nosso crescimento foi superior. Reverter essa situação é um grande desafio (sobretudo para o governo do estado), pois crescer menos do que a média da região e do país significa perder competitividade, pujança, capacidade de atrair novos investimentos. Precisamos recuperar nossa capacidade de crescer acima da média nacional e regional para que possamos reduzir as disparidades de renda que nos separa do Brasil e melhorar nossa situação no contexto da região Nordeste.

21 novembro, 2011

Estimativa do Potencial Mensal de Consumo dos Bairros de Natal

Conforme prometido anteriormente, apresento agora uma estimativa (relativamente simples) do potencial de consumo das Regiões Administrativas e bairros da cidade de Natal/RN. Para o cálculo eu mutipliquei a renda média mensal docimiciliar pelo número de domicílios existente.

Em termos globais o potencial mensal de consumo de Natal é de R$ 626,3 milhões. A Região Sul responde por 42% desse potencial, seguida Leste (24%), Norte (19%) e Oeste. Esse maior peso da zona sul é fruto do rendimento mensal elevado de seus domicílios (R$ 5,2 mil).

O ranking por bairro coloca Lagoa Nova com o maior potencial mensal de consumo (R$ 69,3 milhões), seguido de Capim Macio (R$ 50,3 milhões), Tirol (R$ 48,5 milhões), Candelária (R$ 45,3 milhões) e Ponta Negra (R$ 33,3 milhões).


18 novembro, 2011

As Diferenças de Renda Entre os Bairros de Natal/RN

A questão da desigualdade de renda, apontada no post de ontem, pode ser visualizada, em sua dimensão territorial, no gráfico abaixo onde plotei a renda mensal média domiciliar dos domicílios dos bairros de Natal/RN. À título de comparação eu coloquei no mesmo gráfico esse indicador para o Brasil e o RN.

A disparidade de renda entre os bairros de Natal é gigantesca. Um morador típico de Tirol, que registrou a maior renda média, reside em um domícílio cujo rendimento mensal é de aproximadamente R$ 9,3 mil. No extremo oposto está um morador do bairro de Salinas, cuja renda domiciliar mensal é de apenas R$ 665.



Anualizados ambos os rendimentos, um domicílio em Tirou tem, em média, uma renda anual de R$ 111 mil. Já um domicílio típico do bairro de Salinas tem um rendimento no ano de aproximadamente R$ 8 mil. Portanto, menos do que a renda mensal daquele localizado em Tirol.

Ainda à título de comparação dessa disparidade, um domicílio do bairro de Salinas precisaria acumular a renda de 14 anos para receber o que o domicílio de Tirol recebe em um ano.

Para quem não conhece os bairros de Natal, abaixo um mapa com a localização de cada um deles. Amanhã farei uma postagem com o potencial de consumo dos bairros e Regiões Administrativas de Natal.


17 novembro, 2011

Censo 2010: um RN mais rico (ou menos pobre) e menos desigual, mas ainda há um longo caminho a percorrer

O IBGE fez ontem o lançamento de três publicações referentes ao Censo Demográfico 2010: "Censo Demográfico 2010 - Características da População e dos Domicílios: Resultados do Universo", "Indicadores Sociais Municipais" e "Censo Demográfico 2010 - Resultados Preliminares da Amostra".

O conjunto de informações disponibilizado ontem é uma montanha de informações que necessitaremos de muito tempo para digerir e explorar todos os dados. Cada vez que você olha os números nós descobrimos coisas diferentes e ângulos diferentes de abordagem.

O que vou mostrar hoje é apenas uma pequena dessas descobertas.

Sobre a questão do rendimento a conclusão mais imediata é: estamos mais ricos e menos desigual, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Sobre a questão do "estamos mais rico" temos uma séria de gráficos para comprovar.

O primeiro mostra a evolução da renda nominal mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade e com rendimento. Entre 2000 e 2010 o RN saltou de uma renda média nominal de R$ 428,7 para R$ 910,95. Ainda estamos abaixo da média nacional, mas estamos mais próximo dela e nos distanciamos um pouco da média do Nordeste.


Entre 2000 e 2010 a renda mensal das pessoas com rendimento no RN subiu, nominalmente, 112,5%, frente um aumento de 108% no Nordeste e 88% no Brasil. Esse aumento no RN foi superior à inflação acumulada no período (em torno de 90%) e representou, portanto, um ganho real de renda. O aumento foi maior entre as mulheres do que ente os homens.


Essa maior variação da renda no RN do que a média do Brasil e do Nordeste nos levou a ocupar a primeira colocação entre os estados da região. Em 2000 o rendimento era maior em Pernambuco e em 2010 passou a ser no RN. No Censo anterior o nosso estado ocupava a segunda colocação.



Sobre a questão da desigualdade nós também apresentamos evolução positiva. O índice de GINI variou de 0,597 em 2000 para 0,531 em 2010. Quanto menor é esse índice melhor é a situação.
No que diz respeito á redução da desigualdade, porém, em 2000 nós ocupávamos a 12ª posição no ranking de melhor distribuição de renda entre os estado do Brasil. Em 2010 nós passamos a ocupar a 20ª colocação, portanto, perdemos posição e agora nos situamos entre os estados com piores indicadores de distribuição de renda. Em outros termos, nossa desigualdade caiu, mas essa queda foi mais intensa em muitos outros estados que tinham índice pior que o nosso.

Se é verdade que avançamos na renda e em sua distribuição, também é verdade que ainda há um longo caminho a percorrer. Nossa desigualdade é uma das piores do país e nossa renda ainda está longe da renda média do Brasil e dos estados com maiores rendas médias.





11 novembro, 2011

Vendas de Veículos Novos no RN Patinam em 2011 - Menor Variação do Nordeste

As vendas de veículos novos no RN agora em 2011 dão fortes sinais de desaceleração. Depois de crescerem mais de 17% em 2010 sobre o volume vendido em 2009, até setembro deste ano a variação tem sido de apenas 1,23%.

Entre janeiro e setembro do ano passado foram vendidos no estado cerca de 52,9 mil veículos novos, no mesmo período deste ano as vendas foram de 53,6 mil.

Nesse mesmo período as vendas no Brasil avançaram 8,17% e no Nordeste 9,50%. Na região Nordeste o Maranhão lidera o crescimento das vendas de veículos novos em 2011, com um aumento de 21,9% sobre os nove primeiros meses do ano passado.

Mantido esse ritmo ainda registraremos em 2011 um record histórico, quando o estado venderá entre 75,5 e 76 mil novos veículos, mas o crescimento será bem modesto.


08 novembro, 2011

Pesquisas de Intenções de Votos para Prefeitura de Natal: Evolução Recente

Sei que meu blog é de economia, mas não resisti e vou compartilhar com meus quatro ou cinco leitores um arquivo que estou montando com a evolução das intenções de votos para a prefeitura de Natal em 2012.

Com a divulgação dos resultados hoje da mais nova pesquisa, realizada pelo Instituto Certus (que pertence ao Prof. Mardone França) e o Portal nominuto.com, já podemos fazer uma avaliação de como os números vêm se comportando desde o início do ano. Algumas tendências já podem ser detectadas.

A primeira delas é a consolidação do que se poderia chamar "frente de esquerda", formada pelas candidaturas de Carlos Eduardo, Wilma de Faria e Fernando Mineiro. A soma de intenção de votos desses três candidatos beira os 70% e apresenta tendência ascendente. Os demais candidatos, que grosseiramente denominei de "frente de direita", tem oscilado em um patamar inferior aos 20% das intenções de votos dos eleitores natalenses.


Esses números indicam que a configuração de forças que venceram as eleições para a prefeitura de Natal em 2008 e para o governo do estado em 2010 não terão uma batalha fácil no próximo ano. O desgaste da prefeita de Natal e também da governadora, aliado ao fato desse grupo ainda não ter um nome competitivo para as eleições do próximo ano, anunciam que eles podem sair derrotados dessa disputa (uma outra alternativa seria uma aproximação deles com as candidaturas de Carlos Eduardo ou Wilma de Faria).

Nem os candidatos Rogério Marinho nem Felipe Maia paracem ter fôlego para crescimento nesse momento. Será que terão até as eleições do próximo ano?

Um outro dado que me chamou a atenção foi a subida do nome de Wilma de Faria nas duas últimas pesquisas, onde a mesma ganhou de forma consistente quase 10 pontos percentuais, sendo a única candidata cujo variação no período ficaria de fato fora das margens de erro das pesquisas. O crescimento das intenções de votos para a ex-governadora pode estar diretamente relacionado ao desgate prematuro da popularidade da atual governadora.

Mantido esse quadro acho muito improvável a união dessa frente de esquerda logo no primeiro turno.



07 novembro, 2011

Valor Exportado de Castanha de Caju pelo RN Será Record em 2011

Entre janeiro e outubro de 2011 o RN exportou cerca US$ 40 milhões em castanha de caju. No mesmo período do ano passado o valor exportado foi de US 38,7 milhões. Facilmente esse ano o estado poderá chegar ao final deste ano com US$ 50 milhões ou um número muito próximo a ela.

Em 2010, quando o valor das exportações de castanha pelo RN chegaram a US$ 45,7 milhões, o estado bateu seu record histórico de valor exportado pelo produto.

O principal fator impulsionador desses valores record de exportações de castanha em 2010 e 2011 é a variação expressiva no preço das castanha exportada. Com a quebra da safra do ano passado, o preço em dólares do produtos exportado chegou praticamente a dobrar em relação ao seu padrão histórico recente.


Em termos de volume exportado nós estamos em meio a um ciclo de baixa. O estado, que já chegou a exportar entre 10 mil e 12 mil toneladas de castanha no acumulado em 12 meses, terminará 2011 com um volume que ficará, muito provavelmente, abaixo das 6 mil toneladas. Todavia, acredito que até meados do próximo ano esse volume exportado pode chegar a 8 mil toneladas.

Portanto, o que sustenta o valor das exportações em um patamar de record histórico é o preço do produto. Mesmo considerando que esse preço recue nos próximos meses (em função da maior oferta do produto), acredito é possível encerramos o ano com um valor exportado maior do que em 2010.

No cenário nacional o RN é o segundo maior exportador brasileiro de castanha de caju, perdendo apenas para o vizinho Ceará, que até outubro deste ano exportou 16,5 mil toneladas do produto, cujo valor chegou a US$ 142,3 milhões.

Dos US$ 40 milhões exportados pelo RN este ano, US$ 23,3 milhões se destinaram aos EUA e US$ 6 milhões ao Canadá. Esses são os dois principais importadores da castanha potiguar.

02 novembro, 2011

Até o final do ano o RN se tornará autossuficiente na produção de cimento

Com uma produção de cerca de 60 mil toneladas em julho de 2011, a indústria cimenteira do RN foi capaz de produzir o equivalente a 90% do consumo mensal de cimento naquele mês.

Isso significou um avanço expressivo sobre o padrão histórico da indústria no estado. Em 2010, ano de maior consumo de cimento no RN, a produção mensal média foi em torno de 40 mil toneladas, para um consumo de aproximadamente 71 mil toneladas.

Esse avanço na produção vai continuar nos próximos meses e deve-se ao início da operação da fabrica de cimentos MIZU, localizada na cidade de Baraúna, que veio se somar à produção da tradicional fábrica localizada em Mossoró. Provavelmente nas estatísticas dos próximos meses a produção do estado passe a ser maior do que o volume consumido (mesmo considerando que nos próximos meses também haverá uma elevação do consumo).

No acumulado em 12 meses, porém, é provável que somente lá para meados do próximo ano a produção ultrapasse o consumo.

A tendência é que o RN, sobretudo na região oeste do estado, se converta em um importante pólo cimenteiro do Nordeste, com a produção muito acima da nossa capacidade de consumo e o excedente sendo escoado para outros estados da região.