Redirecionamento

30 abril, 2011

O Crescimento Populacional Metropolitano e o Desafio da Gestão Pública

Entre 1920 e 2000, portanto por 80 anos seguidos, o ritmo de crescimento demográfico de Natal manteve-se à frente do crescimento populacional do estado. Esse fato garantiu à capital potiguar um crescente peso na distribuição da população estadual. Nas primeiras décadas do século XX tão somente 5,7% da população norte-riograndense residia em sua capital. Esse percentual foi progressivamente se expandindo até alcançar 25,6% em 2000.

Verifica-se assim uma progressiva concentração demográfica no estado. Em 1920 somente 1 em cada 20 moradores do RN residiam na capital. Em 2000 esse indicador já era de 1 para 4.

Todavia, desde a década de 90 que nossa capital vinha dando sinais de esgotamento em sua capacidade de crescimento populacional. Na primeira década do século XXI essa tendência se consolidou e pela primeira vez em 9 décadas a capital cresceu em ritmo inferior ao crescimento do conjunto da população estadual.

A queda da participação de Natal na população do estado trás, porém, muito mais desafios aos gestores públicos da capital, do governo estadual e dos gestores dos municípios em seu entorno.

Isso acontece porque a queda de participação de Natal na população do RN ocorreu não porque a capital perdeu capacidade de atração demográfica. Ela perder participação porque não tem mais espaço físico para crescer. A ocupação urbana da capital já ocupou praticamente todo o seu território, restando agora duas alternativas de crescimento: 1) vertical; 2) dentro do território dos municípios vizinhos.

Natal já não cresce mais no mesmo ritmo anterior simplesmente porque seu crescimento se dá nos municípios do seu entorno. Entre 1970 e 2010 os principais municípios vizinhos à capital potiguar (Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Macaíba) saltaram de 4,03% de participação na população estadual para 11,35%.

Com isso a participação de Natal e seus principais municípios do entorno aumentaram seu quinhão de participação na população estadual de 21% para 36,7% nas últimas 4 décadas. E essa tendência não está dando sinais de esgotamento.


Mas é preciso reconhecer que tais municípios crescem não por motor próprio. É simplesmente o crescimento demográfico da capital se esparramando pelos territórios vizinhos.

Esse fato trás significativos desafios para os gestores locais de políticas públicas. Não adianta mais traçar políticas municipais isoladas para o enfrentamento dos problemas locais. Questões como trânsito, mobilidade urbana, saneamento básico, educação, saúde, segurança pública, desenvolvimento econômico, dentre outras, deixam de ter conotação apenas local e passam a demandar cada vez mais a articulação institucional dos gestores públicos.

O caso da estreita simbiose entre o crescimento de Natal e Parnamirim é paradigmático dessa questão: mantida a tendência das últimas 4 décadas, entre 2010 e 2020 o município de Parnamirim irá registrar não só o maior crescimento proporcional entre os municípios do RN. Ele também registrará o maior crescimento em termos absolutos, ou seja, será a cidade que irá incorporar o maior contingente populacional.

Isso pode ser facilmente visto no gráfico abaixo. Nas últimas duas décadas o incremento populacional de Parnamirim vai progressivamente se aproximando do incremento de Natal e tende a ultrapassá-lo. Entre 2000 e 2010 a população de Natal aumentou 91 mil pessoas e a de Parnamirim 78 mil. Mas a tendência de crescimento das duas cidades aponta que na presente década a população de Parnamirim pode aumentar seu incremento para a casa das 95 mil pessoas enquanto Natal crescerá pouco mais de 77 mil.



Mesmo nessa última década (2000-2010) nós já verificamos que o crescimento de Natal (91.422 pessoas) foi inferior àquele registrado pela soma dos seus principais vizinhos (Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Macaíba), que foi de 110.583 pessoas.

29 abril, 2011

O envelhecimento populacional do RN

O IBGE divulgou hoje a Sinopse do Censo 2010, a primeira publicação de uma série que está programada para sair em 2011 e 2012.

Uma das questões já esperada era o envelhecimento populacional do país e, consequentemente, também do RN. Com a divulgação dos dados esses dados ficam mais claros.

Entre 2000 e 2010 a população do RN cresceu 14%. Nesse mesmo período, porem, o crescimento dos diferentes grupos etários ocorreu de forma diversificada.

Na faixa populacional com idade de até 19 anos ocorreu uma redução na população potiguar. Essa queda foi da ordem de 9% e em termos absolutos caiu 103 mil pessoas.

No lado oposto, a população com 80 anos ou mais de idade teve um crescimento de praticamente 50%. Já a população com 65 anos ou mais cresceu 35%.

Com esses ritmos diferentes de crescimento nossa pirâmide etária está se estreitando na base, com queda na fecundidade. Por outro lado o topo da pirâmide vai se ampliando, com uma população idosa cada vez maior e com pessoas em idade avançada com números cada vez maiores.



Esse tendência verificada nessa década dará a tônica da dinâmica demográfica do estados nas próximas décadas. O RN também caminha para uma estagnação demográfica nas próximas duas ou três década.



28 abril, 2011

Movimento de Passageiros no Aeroporto de Natal Cresce 14,65% em 2011

No primeiro trimestre de 2011 passaram pelo aeroporto de Natal 733.923 passageiros em movimentos de embarque e desembarque. Deste total, 699.363 foram passageiros em vôos domésticos e os demais 34.560 em movimentação internacional.

Comparado ao mesmo período do anos passado o movimento de embarques e desembarques no principal aeroporto do estado apresentou crescimento de 14,65%.

Todavia, apesar desse bom movimento, há que se registrar que esse crescimento no número de passageiros que passam nesse aeroporto vem registrando uma certa desaceleração, depois do forte crescimento em 2010 sobre 2009. O ano passado se encerrou com um crescimento anual de 27%.

Ou dado relevante é que continuamos a perder passageiros nos vôos internacionais. O crescimento registrado se deu unicamente em função dos passageiros domésticos

23 abril, 2011

O QUE DIFENRENCIA O PREÇO DA GASOLINA EM NATAL DE JOÃO PESSOA É A MARGEM DOS POSTOS

Uma das discussões mais acalorada que tem tomado conta das ruas de Natal nas últimas semanas tem sido a forte elevação do preço dos combustíveis. A população tem reagido e os preços começaram a recuar esta semana, quando o valor máximo cobrado pela gasolina na bomba do posto caiu de R$ 2,999 para a casa do R$ 2,859.

Esse recuo, porém, ainda não apareceram nas estatísticas da ANP. Provavelmente essa queda só será detectada na divulgação dos dados na próxima segunda feira.

Uma das questões que mais tem intrigado aos consumidores é identificar as razões que determinam a diferença de preços praticados em Natal e em João Pessoa. Pelo menos duas explicações têm sido levantadas: 1) a primeira tenta atribuir essa diferença ao preço praticado pelas distribuidoras. Nesse caso o preço da gasolina aqui é mais caro porque as distribuidoras entregam uma gasolina mais cara aos postos; 2) as razões desse diferencial de preços estariam na diferença de margens praticadas pelos postos das duas cidades.

Para investigar essa questão eu fiz um longo levantamento de preços nas duas capitais, cobrindo a evolução mensal do preço da gasolina entre janeiro de 2005 e abril de 2011 (até o dia 14/04). Avaliei três indicadores básicos: 1) preço aos consumidores; 2) preço das distribuidoras; 3) margem dos postos.

O primeiro gráfico que apresento é a evolução mensal desses três parâmetros em Natal. Destaco aqui como ao longo desses últimos 76 meses ocorreu uma elevação na margem praticada pelos postos (margem é a diferença entre o preço cobrado pelo posto e aquele que ele paga á distribuidoras).

Vemos claramente quatro períodos distintos: no primeiro, que vai de janeiro a agosto de 2005, a margem de comercialização em Natal era de R$ 0,27 em média. No segundo período, de setembro de 2005 a julho de 2008, a média subiu para R$ 0,40; já no terceiro momento, entre agosto de 2008 e fevereiro de 2011 essa média subiu para R$ 0,44. Nos meses de março e abril a média voltou a subir novamente, para a casa dos R$ 0,49.

O que parece ficar claro do gráfico em questão é que sempre que as distribuidoras promovem uma elevação no preço dos combustíveis os postos de Natal aproveitam o momento para aumentarem suas margens de comercialização. Em outras palavras: os postos repassam aos consumidores um aumento de preços superior àquele aumento dado pelas distribuidoras.


Vejamos agora uma comparação entre esses parâmetros em Natal e em João Pessoa.

O primeiro indicador comparado é a diferença entre os preços cobrados ao consumidor em Natal e na capital paraibana. Vemos pelo gráfico abaixo que nem sempre a gasolina da nossa capital vizinha foi inferior aos preços praticados aqui.

Até a Operação 274 (desencadeada pela Secretaria de Direito Econômico, Secretaria de Acompanhamento Econômico, Ministério Público e Polícia Federal) de combate ao cartel, os preços de João Pessoa eram razoavelmente semelhantes àqueles de Natal e em alguns momentos (como nos meses que antecederam as ações de combate ao cartel) manifestadamente superior aos nossos.

Desde aquele momento, meados de 2007, que a gasolina na capital vizinha se manteve sempre inferior àquele praticado aqui na nossa capital. Portanto, nitidamente a ação de combate ao cartel teve um efeito firme e duradouro no preço pago pelos consumidores daquela cidade.


Vejamos agora como se comportaram, nesse período, os preços praticados pelas distribuidoras aqui em Natal e em João Pessoa.

No gráfico abaixo vemos que os preços praticados pelas distribuidoras nessas duas capitais alternavam-se até agosto de 2008. Ou seja, em alguns períodos os preços eram mais caros aqui e em outros eram mais elevados lá. A partir de agosto de 2008 os preços têm se mantido sistematicamente mais elevados em Natal.




Todavia, a diferença de preços pagos pelos consumidores natalenses não reflete o que ocorre na diferença de preços cobrados pelas distribuidoras. Enquanto a diferença de preços nos distribuidores locais e de lá gira em torno de R$ 0,05 (média de janeiro de 2010 a fevereiro de 2011), esta mesma diferença chega a R$ 0,26 na bomba do posto no mesmo período. Isso significa dizer que, caso o diferencial de preços ao consumidor refletisse tão somente o diferencial de preços praticado pelas distribuidoras, a gasolina aqui em Natal estaria R$ 0,21 mais barata.


Vemos a seguir como o comportamento da margem de comercialização dos postos dessas duas capitais passou a apresentar uma dinâmica distinta desde a operação de combate ao cartel na capital vizinha. Enquanto lá essa margem declinou, aqui a tendência foi de alta.

A OPERAÇÃO 274 foi um marco na dinâmica das duas cidades, determinando trajetórias bastante distintas, quando anteriormente apresentavam comportamento semelhante.



20 abril, 2011

A Conjuntura Industrial do RN no Início de 2011

A Federação das Indústrias do RN (FIERN) produz mensalmente duas pesquisas que procuram analisar, a partir de indicadores qualitativos, o nível de atividade do setor industrial do estado, o nível de confiança dos empresários do setor e suas expectativas quanto à economia nos seis meses seguintes.

Os dados são apresentados em uma escala que varia de 0 (zero) a 100 (cem). Quando o indicador encontra-se abaixo de 50 indica que a atividade registrou queda em relação ao mês anterior ou que a expectativa dos empresários é pessimista quanto aos meses seguintes. Já quando o indicador situa-se acima de 50 significa que as atividades registraram aumento ou que o setor encontra-se otimista quanto ao futuro imediato.

A seqüência de informações relativas à sondagem industrial indica que o nível de atividade da indústria nos dois primeiros meses de 2011 registraram quedas seguidas (os valores de janeiro e fevereiro estão abaixo de 50, portanto a produção em fevereiro/11 foi menor que janeiro/11, que por sua vez foi inferior à de dezembro/10).

Acompanhando essa retração do nível de atividade ocorreu também uma queda na Utilização da Capacidade Instalada (UCI).

Essas retrações, porém, são compatíveis com a queda sazonal na produção industrial do estado nos meses iniciais de cada ano.

Com relação às expectativas (de demanda e de compras de matérias-primas nos próximos seis meses), podemos verificar que o setor industrial do RN está otimista quanto a esses indicadores. Todavia, uma comparação com esse mesmo indicador no início do ano passado demonstra que nossos empresários industriais estão menos otimistas do que no começo de 2010.

Em outras palavras, esses empresários estão otimistas com 2011, mas não tão otimistas quanto estavam no início do ano passado com o desempenho da economia em 2010.



Essas informações também se confirmam nos dados sobre o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI). No gráfico abaixo vemos que o ICEI do RN registrou uma progressiva queda no nível de otimismo dos empresários desde maio de 2010. Essa queda foi puxada, principalmente, pelo elemento que mede as expectativas dos mesmos quanto ao futuro da economia nos seis meses seguintes à pesquisa.

No início de 2011, talvez por ser um início de ano, os empresários aumentam seus níveis de otimismo (dado de janeiro), para depois ir progressivamente reduzindo suas boas impressões sobre o desempenho da economia local.

Nesse indicador nós também verificamos que os empresários estão otimistas, mas com um otimismo mais contido do que no início de 2010.



A redução do otimismo, tanto no ICEI quanto na sondagem das expectativas, reflete as medidas de política monetária e fiscal adotadas pelo governo federal. Como o Banco Central vem aumentando os juros e tomando medidas de contenção do crédito e como o Ministério do Planejamento promoveu um corte orçamentário, a expectativas dos empresários é que a economia em 2011 não registre o mesmo desempenho que teve em 2010.

Assim, apesar do otimismo quanto ao desempenho do setor industrial do RN em 2011, esse otimismo está mais contido do que o registrado no início de 2010. Por ele podemos esperar um 2011 melhor que o ano anterior, mas com um crescimento econômico não tão espetacular quanto foi o de 2010.

Um dado interessante também é que tanto na Sondagem quanto no ICEI as expectativas sempre apresentam-se melhores do que as condições atuais da economia. Isso denota, também, o otimismo da categoria quanto ao futuro da economia local e brasileira.

19 abril, 2011

A Inflação Recente no RN e as Perspectivas para 2011

O Brasil vem vivendo nos últimos meses um processo de elevação dos índices de preços, puxado, em grande parte, pela subida dos preços dos alimentos. Em 2010, enquanto o IPCA subiu 5,92% o índice de aumento dos produtos classificados no subgrupo “alimentação no domicílio” elevaram-se em 10,70% e o item “cereais, leguminosas e oleaginosas” subiu o estonteante 17,93%.

No primeiro trimestre de 2011 a inflação brasileira, medida pelo IPCA, já acumula alta de 2,44%, com o subgrupo “alimentação no domicílio” registrando subida de 1,76% e o item “cereais, leguminosas e oleaginosas” mostrando queda de –9,26%.

Em resposta ao aumento do IPCA e ao risco do mesmo ultrapassar os limites estabelecidos pelo regime de metas de inflação, o Banco Central do Brasil está promovendo um ciclo de elevação dos juros como forma de conter a demanda e, com isso, frear a elevação dos preços.

Alguns críticos dessa política de elevação dos juros do BC têm apontado que o ponto central da subida dos preços foi um choque de oferta dos produtos agrícolas e que tal choque já mostrava sinais de arrefecimento, com uma estabilização ou mesmo queda dos preços nos meses vindouros, não havendo, portanto, a necessidade dessa elevação de juros.

O Banco Central por sua vez considera que a economia brasileira está excessivamente aquecida, com o preço dos serviços subindo também de forma significativa e com a economia praticamente em situação de pleno emprego. Diante disso o mesmo considera prudente uma redução da demanda através da elevação de juros e de outras medidas chamadas macroprudenciais (alteração nos prazos de financiamento, aumento do impostos sobre operações financeiras, etc.) como forma de contar a demanda, reduzir o ritmo de crescimento da economia e, com isso, conter a elevação dos preços.

Toda essa grande introdução, todavia, foi para mostrar o ambiente macro sob o qual se situa a evolução dos indicadores de preços do RN.

Atualmente o IDEMA é quem mede o índice de preços ao consumidor do RN (na verdade ele faz levantamento apenas no município de Natal). Em breve o IBGE também fará esse levantamento, quando estenderá para o Rio Grande do Norte o INPC. Aliás, o Instituto já está com uma equipe de trabalho em campo fazendo um levantamento dos estabelecimentos e dos produtos que irão compor a amostra do INPC no estado.

Também o RN vem passando por um período de forte pressão inflacionária, sobretudo no item alimentos. Em 2009 o IPC do RN ficou em 3,50% e o item alimentação em 4,83%. Todavia, 2010 foi marcado por uma forte elevação no preço dos alimentos, o índice geral do IPC no estado fechou 2010 em 6,40% enquanto o item alimentação subiu 15,27%.

No primeiro trimestre de 2011 o IPC potiguar registrou alta de 2,07% e o item “alimentos e bebidas” subiu 4,69%. Nesse item o aumento do RN foi mais que o dobro registrado para o Brasil, cuja elevação no trimestre foi de 2,15%.

Portanto, no RN a pressão da elevação dos preços dos alimentos se mostrou até bem mais acentuada do que aquela registrada para o Brasil. Itens como feijão, açúcar e carne estão entre os grandes vilões da inflação potiguar. Desde fins de 2010, por exemplo, que o preço da carne sofreu um forte reajuste nos supermercados de Natal. É muito comum, por exemplo, encontrarmos em determinados dias da semana na capital potiguar o preço do “chã de dentro” na casa dos R$ 18 o quilo.

Outro vilão da inflação no RN tem sido o item educação: nos 12 meses encerrados em março de 2011 a inflação acumulada desse grupo foi de 13,83%, abaixo somente do grupo alimentos e bebidas (15,66%). Para esse mesmo período o índice geral do estado ficou em 7%.

Acredito, porém, que semelhante ao que se espera para a inflação brasileira, o IPC do RN passe a registrar uma desaceleração nos próximos meses. Na minha opinião já em abril a inflação acumulada em 12 meses, tanto geral quanto nos alimentos, registrará uma tendência de declínio continuado, dando prosseguimento ao que se registrou em março.

Todavia, é preciso esclarecer que não estou dizendo que os preços dos alimentos terminarão 2011 em um patamar inferior ao de 2010. Estou afirmando que o ritmo de elevação dos preços será menor este ano do que no ano anterior. Mas eventualmente um produto ou outro pode até registrar queda de preços (feijão e carne, por exemplo, acredito que cairão ao longo do ano em relação ao patamar atual).

18 abril, 2011

As vendas do comércio varejista do RN em 2011

Em 2011, no primeiro bimestre, as vendas do comércio varejista ampliado no RN cresceram 15,58% sobre o mesmo período do ano anterior. Esse ritmo de crescimento é superior ao apresentado pelo Brasil, que ficou em 12,82%.

Com os dados de fevereiro completa-se quatro meses que o comércio estadual cresce a índices superiores a 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre novembro de 201o e fevereiro de 2011 a média de crescimento do estado ficou em 14,68%, ante uma média brasileira de 14,42%.

No acumulado em 12 meses as vendas potiguares ainda estão ligeiramente abaixo dos indicadores do Brasil. O RN acumula crescimento de 11,18% enquanto o Brasil registra 12,37%.

Todavia, é possível que até o final do ano o crescimento das vendas locais (medida no acumulado de 12 meses) ultrapasse o índice de crescimento do Brasil. Isso se dará porque, uma observação do gráfico abaixo revela que o indicador brasileiro vem estagnado na casa dos 12% desde meados do ano passado, enquanto no estado vem ocorrendo ultimamente uma aceleração dessas vendas.

Além disso, estamos em pleno ciclo de elevação dos juros por parte do Banco Central, que pretende conter a demanda e, com isso, reduzir a inflação no país. A elevação dos juros, associada a outras medidas de restrição ao crédito, sem dúvida nenhuma ocasionará um impacto no ritmo de crescimento do comércio e a curva brasileira acabará inclinando para baixo nos próximos meses.

Esse efeito também será sentido no RN, todavia o mesmo ocorrerá com uma certa defasagem no tempo. Ou seja, nossa curva também inclinará para baixo até o final do ano, mas acredito que demorará mais do que a brasileira. Por isso o comércio do estado poderá ultrapassar o ritmo de crescimento nacional.


13 abril, 2011

Receita Corrente Líquida da Prefeitura de Natal em 2010: R$ 1,07 bilhão.

A Receita Corrente Líquida da Prefeitura Municipal de Natal em 2010 foi de R$ 1.069.464.769,83. Tal valor foi 12,56% superior à mesma receita de 2009.

Depois de um 2009 ruim, quando as receitas municipais ficaram 5,55% inferiores às de de 2009, o ano passado voltou à normalidade e as receitas municipais entraram novamente em sua tendência de crescimento dos anos anteriores.

Foram duas as principais razões que levaram à queda das receitas municipais em 2009: a primeira delas, e de maior impacto, foi que em dezembro de 2008 o município de Natal "vendeu" ao BB o direito de processamento de sua folha salarial. Esse acontecimento gerou uma receita extraordinária para o município da ordem de R$ 40 milhões que não se repetiram em 2009. A segunda razão foi a queda nas transferências federais cuja queda foi da ordem de R$ 8 milhões.

Acreditamos que em 2011 as receitas municipais continuarão em elevação, provavelmente não no mesmo ritmo de 2010 (em função de que 2009 foi uma base relativamente pequena e em 2011 o ritmo de crescimento econômico do país será inferior ao do ano passado.

Mas acredito que esse crescimento possa ficar na casa dos 10%, levando a RCL da prefeitura à ordem do R$ 1,17 bilhão, ou seja, um aumento de aproximadamente R$ 100 milhões em 12 meses.


Confesso que não tenho como saber se esse volume de recursos é muito ou pouco para administrar a prefeitura da cidade. Não tenho elementos suficientes para uma análise desse tipo. Mas pelo menos quero contribuir com o fornecimento de uma informação de pouco conhecimento dos cidadãos locais.

Nos próximos dias farei algumas postagens com um detalhamento das origens dessas receitas.

10 abril, 2011

RECURSOS TRANSFERIDOS AOS MUNICÍPIOS DO RN PARA A SAÚDE EM 2010 FORAM DE R$ 755 MILHÕES

Com as novas informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde sobre transferências financeiras aos municípios, nós podemos compor um quadro relativamente completo das transferências estaduais e federais para as prefeituras municipais do RN.

Já fiz algumas postagens esse ano mostrando que em 2010 as prefeituras potiguares receberam cerca de R$ 1,08 bilhão de FPM, R$ 718 milhões de FUNDEB, R$ 678 milhões de ICMS e R$ 170 milhões de royaties de petróleo (somando transferências da ANP e repasses do governo estadual).

Segundo o Ministério da Saúde, por sua vez, em 2010 os municípios do RN receberam R$ 755 milhões de recursos destinados ao setor. Portanto, depois do FPM os recursos da saúde representam a segunda fonte mais importante de recursos para os gestores municipais.

Desses recursos recebidos para a saúde 59% destinam-se às atividades de média e alta complexidade.

Os municípios que mais receberam recursos para a saúde no RN em 2010 foram: Natal (R$ 449 milhões), Mossoró (R$ 51 milhões), Parnamirim (R$ 21 milhões), Caicó (R$ 13 milhões) e São Gonçalo do Amarante (R$ 10 milhões). Ou seja, juntos esses cinco municípios recebem aproximadamente 72% do dinheiro destinado aos gastos com saúde pelos municípios.

Semelhante às outras rubricas federais e estaduais, os sinais indicam que esse volume de recursos continuará crescendo em 2011.


07 abril, 2011

Não escolha o alvo errado: boicote o posto e não a bandeira da distribuidora

Segundo reportagem de hoje do jornal Tribuna do Norte, a partir da próxima segunda feira os Procons de Natal e a OAB iniciarão uma campanha de boicote contra os postos de combustível de Natal. veja link aqui.

O grande problema dessa campanha é que escolheram o alvo errado. Textualmente, segundo as repórteres Renata Moura e Adrielle Mendes, a campanha terá "...como alvo principal os de bandeira “BR” que reajustaram os preços na última semana.".

Mais na frente os defensores da ação alegam que "O alvo do boicote será os postos de bandeira BR, da Petrobras. “A distribuidora BR abastece 40% dos postos de Natal, por isso o boicote a esta bandeira”, justifica o vereador Júlio Protásio, que propôs o encontro. Postos localizados nas avenidas Engenheiro Roberto Freire, Hermes da Fonseca e Prudente de Morais também entram na lista de boicotados."

O grande equívoco dessa campanha é acreditar que a razão do preço elevado da gasolina em Natal é culpa das distribuidoras e, mais especificamente, da BR Distribuidora.

Vou repetir na postagem de hoje a mesma tabela que coloquei aqui ontem mostrando como os postos de Natal possuíam uma das maiores margens na venda de combustíveis. Só que hoje eu ordenei a mesma tabela pelo preço pago pelos postos às distribuidoras. Nesse caso vemos claramente que Natal recebe das empresas distribuidoras a 5ª gasolina mais barata entre as capitais do Brasil.


É tão surreal essa escolha da BR como alvo dos protestos que na própria foto que ilustra a reportagem no portal da Tribuna do Norte, a placa mostrando o preço da gasolina a R$ 3,09 (isso mesmo, não digitei o valor errado não. Tá certo que é aditivada, mas só isso não justifica) é de um posto de bandeira da SHELL, conforme podemos ver na foto abaixo, retirado do site da Tribuna do Norte. 

Como eu sei que o posto é da shell se não aparece a placa dela? Simples, pesquise aí no google quem produz essa gasolina V-POWER.


Ora, escolher o alvo errado em uma batalha é meio caminho dado para se perder a guerra. Pior que isso, é ter certeza que será derrotado na guerra. Escolher o alvo certo é fundamental e o alvo não tem bandeira. O alvo de qualquer campanha deve ser simples e claro: postos com preços maiores que a média que vinha sendo praticado. Não interessa a bandeira ou a localização.

Um pequeno exemplo da insanidade desse boicote à BR: caso você chegue em um posto e ele esteja vendendo a gasolina a R$ 1,69 mas seja de bandeira BR você não deve comprar. Quer coisa mais aberrante???

Ah... e porque esperar para a próxima segunda-feira?

06 abril, 2011

Postos de Natal Possuem a Terceira Maior Margem Entre as Capitais Brasileiras

Os consumidores de Natal foram surpreendidos no último final de semana com mais um aumento nos preços dos combustíveis. Dessa vez os postos alteraram o valor da gasolina de R$ 2,79 (praticado na maioria dos postos) para R$ 2,99. Aumento de 7,2%. É o segundo aumento nos últimos 40 dias e desde meados de fevereiro a gasolina na capital do RN já acumula uma alta de 11,15%.

Esses aumentos tem sido atribuídos, principalmente, à elevação do preço do álcool em função da entressafra e dos preços internacionais do açucar, que acabaram por reduzir a oferta de etanol no país, uma vez que as usinas optaram pela elevação da produção de açúcar em detrimento da produção de álcool.

No Nordeste esses aumentos tiveram início nos postos de Natal e São Luís mas já atingem todas as capitais da região. Os consumidores da capital potiguar andam desconfiados que estão sendo vítimas de um cartel formado pelos postos da cidade.

Para além (ou talvez para aquém) da discussão sobre a existência de cartel ou não em nossa cidade, pelo menos duas coisas podemos apontar com as informações disponibilizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A primeira é que de fato ocorreu um aumento no preço da gasolina entregue pelas distribuidoras aos postos de Natal, todavia esse aumento não explica por se só a elevação repassada ao consumidor final. O gráfico abaixo mostra como a margem (diferença entre o que o posto cobra do consumidor e o que ele paga à distribuidora pela gasolina) sofreu uma elevação no primeiro aumento ocorrido em meados de fevereiro. Isso significa dizer que, na média, o aumento dado pelos postos foi maior do que o aumento que eles tiveram das distribuidoras.




Mas o segundo ponto, e talvez o mais importante, vem agora: os postos de Natal praticam a terceira maior margem entre TODAS AS CAPITAIS BRASILEIRAS. O preço cobrado aos consumidores pelos postos da capital potiguar é 19,6% maior do que aquele que elas pagam aos distibuidores. Somente em Boa Vista e Cuiabá essa margem é maior que na nossa cidade. Em termos absolutos a margem local é a quarta maior entre as capitais do país. A diferença entre o preço na bomba e no caminhão distribuidor aqui em Natal é de R$ 0,453. Somente Boa Vista, Cuiabá e Maceió possuem uma margem superior aos postos de Natal.

Veja abaixo, com dados da ANP, uma tabela com esses dados.


Desconfio que com o aumento do último final de semana, ainda não captado pelas estatísticas da ANP, a margem dos empresários locais de combustível tenha aumentado ainda mais.