Redirecionamento

31 outubro, 2012

Estudo Nordeste Competitivo - O Rio Grande do Norte Ficando Para Trás?

Ontem (29/10) a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo denominado "Projeto Nordeste Competitivo", cujos objetivos, segundo os formuladores, é "ajudar o governo a planejar no médio e longo prazo a infraestrutura de transporte e logística para integrar  os estados da região".

Um dos destaques do estudo é a necessidade de investimento na infraestrutura portuária da região. Textualmente eles afirmam que "no caso dos portos, atualmente apenas o Complexo Portuário de São Luís e o Porto de Recife utilizam mais do que suas capacidades permitem. Em 2020, no entanto, seis portos vão operar acima da capacidade e outros dois estarão com potenciais gargalos. Os casos mais críticos devem ser os do Complexo Portuário de São Luís e do Porto de Natal."

O que mais me surpreendeu no estudo, porém, foi a MEDIOCRIDADE das alternativas logísticas propostas para o RN. Apesar do termo forte, quero demonstrar nesse pequeno texto que os projetos logísticos apresentados para o RN são insuficientes para dar conta das necessidades logísticas do desenvolvimento do nosso estado. Caso o RN tenha apenas os investimentos previstos nesse "PROJETO" o estado ficará  para trás na comparação do desenvolvimento econômico com os outros estados da região. 

A primeira indicação da nossa pouca importância no citado estudo está no volume previsto de investimentos. O documento prevê um volume total de investimentos logísticos (portos, hidrovias, ferrovias e rodovias) no Nordeste da ordem de R$ 25,8 bilhões, sendo que para o RN o volume previsto é de apenas R$ 400,4 milhões, equivalente a 1,55% dos investimentos projetados pela CNI para a região.

A segunda indicação é a lista de obras previstas para o estado.



Das quatro obras previstas, 3 já estão em andamento em diferentes fases, são elas: dragagem e construção do berço 4 no Porto de Natal e pavimentação da BR 110 entre Mossoró e Campo Grande. Portanto, de novidade há apenas a construção do trecho da BR 110 entre Janduís e Serra Negra do Norte.

No aspecto rodoviário os investimentos previstos pela CNI para o RN fazem parte de um plano mais amplo de integração do eixo rodoviário entre Mossoró/RN e Salvador/BA. 


Apesar de ter sua importância, não acredito que tal obra seja capaz mudar significativamente os rumos da economia local ou melhorar significativamente nossa logística de escoamento produtivo. Pelo menos duas outras obras rodoviárias eu seria capaz de citar em complementação a essa acima: a conclusão da pavimentação da BR 226 e, mais importante e fundamental para o desenvolvimento do estado, a DUPLICAÇÃO DA BR 304.

Mas além desse enorme "lapso" do estudo nas obras importantes no nosso modal rodoviário, o mais grave foi na questão ferroviária e portuária.

O estudo identifica uma potência área de exploração de ferro na região do Seridó potiguar, cujo volume anual de carga pode chegar 6,64 milhões de toneladas.


Ora, tais recursos são fundamentais para o estado ser inserido na malha ferroviária nacional e para a construção de um novo porto em águas potiguares.

Todavia, o estudo propõe que esse minério seja escoado por uma estrada de ferro entre Juazeiro do Norte e Suape, sendo esse, portanto, a porta de saída da produção de ferro local.

Por esses novos investimentos o estado continuaria excluído da malha ferroviária brasileira e Nordestina e perderia a chance de ter um novo porto, destinado a cargas em granéis e localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte.


Portanto, tal estudo da CNI não atende aos interesses econômicos do Rio Grande do Norte e nos condena a um retardamento no desenvolvimento comparativo da região, sobretudo em relação aos grandes estados do Nordeste: Bahia, Pernambuco e Ceará. 

Para mim, do ponto de vista da economia estadual, o destino desse estudo é a lata do lixo.

29 outubro, 2012

Agricultura do RN: Um Panorama da Área Plantada/Colhida

Em 2011 a área plantada da agricultura do Rio Grande do Norte foi de 425,5 mil hectares, sendo 264,7 mil com lavouras temporárias (incluídas as de ciclo longo como cana-de-açúcar e mandioca) e 160,8 mil com lavouras permanentes.


Em termos de área nós temos 4 cultivos que dominam a agricultura estadual e respondem juntas por 77% da área plantada no RN. São elas: castanha de caju, 126,2 mil hectares, milho com 73,8 mil ha, feijão com 70,1 mil ha e cana-de-açúcar com 59,5 mil ha.

Dois outros produtos com áreas relativamente extensas de cultivo são a mandioca (25,7 mil ha) e o coco (21,7 mil ha).


Uma análise da evolução da área agrícola colhida no RN ao longo das últimas duas décadas revela alguns pontos interessantes: o primeiro deles é que, dadas as constantes variações pluviométricas que atingem a porção semi-árida do estado, há também uma grande variabilidade anual na área colhida, sobretudo com as lavouras de cultivo temporário. O segundo ponto importante é que no início dos anos 90, em anos de chuvas normais, a área das lavouras temporárias aproximava-se das 500 mil hectares por ano. Atualmente, mesmo em anos bons essa área reduziu-se a pouco mais da metade.

A principal razão para esse recuo nas lavouras temporárias do RN foi a redução no cultivo de feijão e milho.   Essas duas culturas são amplamente difundidas no estado e cultivadas por pequenos agricultores. A tecnologia utilizada na produção das mesmas é baixíssima e geralmente o produto destina-se ao autoconsumo das famílias e de seus animais. 

Com baixa tecnologia, cultivos em solos pobres e geralmente em regime consorciado, a produtividade local é muito inferior à média nacional. Para o feijão, por exemplo, em 2011 a produtividade média brasileira foi de 935 kg/ha e no RN de apenas 493 kg/ha. Já no caso do milho a produtividade potiguar foi de 663 kg/ha enquanto a média nacional alcançou 4.210 kg/ha. Mas em vários estados do Centro-Sul do país a produtividade média do milho foi superior a 5.000 kg/ha e em centenas de municípios dessa região a produtividade foi superior a 10.0000 kg/ha e até mesmo a 15 mil kg/ha.




27 outubro, 2012

Perfil da Produção Agrícola do Rio Grande do Norte

O IBGE divulgou ontem (26/10) a Pesquisa Agrícola Municipal 2011 (PAM 2011), que faz um amplo retrato da agricultura brasileira, cobrindo a produção de 64 produtos em todo o território nacional, com dados que detalham até o nível de município as informações sobre área plantada e colhida, quantidade produzida, produtividade e valor da produção.

Segundo os resultados dessa pesquisa a produção agrícola brasileira em 2011 foi de R$ 195,6 bilhões, sendo R$ 156 bilhões oriundos das lavouras temporárias e R$ 39,6 bilhões das culturas permanentes. São Paulo é a Unidade da Federação com o maior valor da produção agrícola, cerca de R$ 35 bilhões. Já em termos de cultura os principais produtos da agricultura brasileira são: soja (R$ 50,4 bilhões), cana-de-açúcar (R$ 39,2 bilhões), milho (R$ 22,2 bilhões), café (R$ 16,2 bilhões) e algodão herbáceo (R$ 7,3 bilhões).

O RN tem pouca expressividade no contexto geral da agricultura do país. Nossa produção agrícola em 2011 foi de R$ 983, 3 milhões, representando apenas 0,5% do valor da produção agrícola brasileira.

No RN o valor da produção das lavouras temporárias em 2011 foi de R$ 760,5 milhões e das culturas permanentes foi de R$ 224,8 milhões. 


Os principais produtos agrícolas do RN, em termos de valor da produção, são: cana-de-açúcar (R$ 238,1 milhões), melão (R$ 159,8 milhões), abacaxi (R$ 115,6 milhões), banana (R$ 64,3 milhões) e castanha de caju (R$ 63,9 milhões).

Juntos esses cinco produtos respondem por aproximadamente dois terços do valor da produção agrícola brasileira. 

Observa-se também pelos dados do IBGE que há um grande peso da fruticultura no valor da produção agrícola do estado. Se somarmos o valor da produção de todas as frutas produzidas no estado (incluindo a castanha de caju), o valor da produção foi de R$ 535 milhões, cerca de 54% do valor da produção agrícola do RN. Se adicionarmos às frutas o valor da produção da cana de açúcar chegaremos a aproximadamente 78% da produção agrícola potiguar.

As culturas tradicionais, por sua vez, respondem por somente 13,4% do valor da produção agrícola local, sendo o feijão com R$ 51 milhões, a mandioca com R$ 49,3 milhões, o milho com R$ 28,3 milhões e o arroz com R$ 3,4 milhões.


Os municípios do estado com o maiores valores de produção agrícola são: Mossoró (R$ 153,1 milhões), Touros (R$ 107,3 milhões), Baraúna (R$ 104,7 milhões), Baía Formosa (R$ 68,2 milhões) e Canguaretama (R$ 33,8 milhões).

Entre os municípios do RN Serra do Mel se destaca como o maior produtor brasileiro de castanha e Mossoró como tendo a maior produção de melão do país. Touros é o quarto maior produtor brasileiro de abacaxi e Baraúna o sexto de cebola. 




25 outubro, 2012

O RN na Contramão da Produção Brasileira de Petróleo

Entre janeiro e agosto deste ano o RN produziu 14,5 milhões de barris de petróleo, sendo 1,8 milhão em mar e 12,7 milhões em terra. A produção total (terra + mar), registrou um pequeno aumento de 2,24% sobre o mesmo volume produzido nos oito primeiros meses de 2011.


Conforme já relatado aqui mais de uma vez, os aumentos de produção que vem ocorrendo no estado desde 2011 são o resultado dos investimentos que a Petrobrás fez na injeção de água e vapor em alguns campos terrestres da bacia potiguar. 

Como é do conhecimento de todos e está claro no gráfico acima, com o passar do tempo e a contínua extração de petróleo dos campos locais sem que tenha ocorrido novas descobertas significativas, as reservas locais estão caminhando para o esgotamento. Entre 2000 e 2012 a produção local já registra uma queda de aproximadamente 33%.

Esse movimento de queda na produção de petróleo em terras e águas potiguares contrasta com o grande aumento da produção brasileira. Entre 2000 e 2012 (levando em consideração o período de janeiro a agosto de cada ano) a produção do Brasil cresceu 78%, saindo 286 milhões de barris de petróleo nos primeiros 8 meses de 2000 para 508 milhões nos primeiros 8 meses deste ano.


Como resultado desse descompasso entre a produção da bacia potiguar e a produção brasileira, o RN vem perdendo importância na produção de petróleo no país. Em 2000 o estado era responsável por cerca de 7,5 barris de petróleo produzidos no Brasil. Esse ano o estado responde por cerca de 2,9 barris a cada 100 barris que o Brasil produz.



24 outubro, 2012

Seca no Nordeste Faz Aumentar a Geração Termelétrica no RN

A geração de eletricidade na usina termoelétrica Jesus Soares Pereira, conhecida como Termoaçu e localizada no município de Alto do Rodrigues/RN, continua em ritmo bastante forte desde meados de setembro. A média de geração termoelétrica naquela usina tem se situado ao redor de 300 MwMed por semana, o equivalente a três vezes o que habitualmente a usina vinha gerando, conforme podemos ver no gráfico abaixo.


Esse aumento na geração termoelétrica local tem origem em duas causas básicas. 

A primeira delas é o aumento do consumo de energia elétrica na região Nordeste. A carga média de consumo na região ao longo dos 9 primeiros meses de 2012 está cerca de 7,5% acima da média do mesmo período de 2011. Além disso é provável que essa carga continue em crescimento ao longo dos próximos meses do ano.


Contrastando com o aumento do consumo está a segunda razão para o crescimento da geração termelétrica no estado. Em função da seca que assolou a região Nordeste nesse ano, o volume de água dos reservatórios reduziu-se significativamente. A energia hidráulica armazenada nesses reservatórios está bem abaixo do registrado no ano passado e também da média histórica da região.


Para poupar a água do sistema (e consequentemente a energia armazenada nele), o Operador Nacional do Sistema (ONS) tem feito maiores despachos de energia térmica na região Nordeste. É nesse movimento que as termelétricas a gás (e mesmo aquelas movidas a óleo) tem sido despachadas com mais frequência e com mais intensidade nas últimas semanas.



23 outubro, 2012

A Movimentação de Conteineres no Porto de Natal

A movimentação de contêineres no porto de Natal (que este ano completa 80 anos), vem registrando uma forte alta neste ano. Entre janeiro e agosto de 2012 passaram pelo porto 6.842 unidades, cuja capacidade de carga (medida em TEUs) foi de 13.137 TEUs. Essas dados representam crescimento de 69% e 73%, respectivamente, sobre o mesmo período do ano passado.


No quadrimestre de setembro-dezembro geralmente o volume de cargas movimentado no porto cresce significativamente em relação aos outros meses do ano. É nesse quadrimestre quando ocorre o escoamento da produção local de frutas.

Assim, é de se esperar que nos próximos meses a movimentação no porto aumente em relação aos 8 primeiros meses deste ano. Todavia, duvido muito que o ritmo de crescimento (da ordem de 70%), se mantenha no presente quadrimestre. Um dos sinais da desaceleração no ritmo de aumento da movimentação de contêineres no Porto de Natal é o fato de que em agosto de 2012, pela primeira vez no ano, a movimentação foi inferior ao do mesmo mês do ano passado.


Outro sinal é que no cumulado em 12 meses o gráfico também apresenta sinais de estabilização. Portanto, espero que nos próximos meses ocorra um aumento no número de contêineres movimentado no Porto de Natal em relação aos primeiros meses do ano, todavia, não espero um aumento significativo frente ao últimos quadrimestre de 2011. É possível ocorrer, inclusive, uma menor movimentação no período de set-dez deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Mas a movimentação ao longo de todo 2012 será superior à que foi registrada em 2011.



22 outubro, 2012

Produção de Gás Natural no RN: Forte Queda

A produção de gás natural no RN vem passando por uma tendência de forte queda na última década. Entre janeiro e agosto de 2002 o estado produziu cerca de 900 milhões de metros cúbicos de gás. Nos oito primeiros meses de 2012 a produção foi de apenas 375 milhões de m³. A queda foi, portanto, de quase 60%.


Essa queda na produção local de gás natural está associada ao esgotamento das reservas de gás na bacia potiguar. Esse mesmo fenômeno está ocorrendo também na produção local de petróleo. Para o caso do petróleo, porém, os investimentos da Petrobrás na injeção de vapor e água nos campos terrestres está conseguindo temporariamente conter a queda na produção e possibilitando inclusive uma pequena recuperação.

A tendência a queda da produção norteriograndense de gás natural na última década contrasta com o movimento registrado no país. Nesse mesmo período a produção brasileira cresceu aproximadamente 60%, saindo de 10,6 bilhões de m³ entre janeiro e agosto de 2002 para 16,9 bilhões de m³ entre janeiro e agosto de 2012.




19 outubro, 2012

Um Balanço da Produção Pecuária do RN em 2011

O IBGE divulgou ontem a Pesquisa da Pecuária Municipal 2011 (PPM 2011), que faz uma radiografia dos rebanhos e de alguns dos produtos de origem animal produzidos no país. Os dados detalham as informações até o nível municipal.

Em termos de rebanhos, o RN encerrou 2011 com quase 1,05 milhão de cabeças de bovinos, cerca de 400 mil caprinos e aproximadamente 590 mil ovinos. Esses seriam os nossos principais rebanhos. Destaco nesse caso que a soma de ovinos e caprinos já alcança quase um milhão de animais.

Outro rebanho grande é o de aves (galinhas, galos, frangas, frangos e pintos), cuja soma é de aproximadamente 4,9 milhões de animais.

Entre 2010 e 2011 tivemos queda nos rebanhos bovinos e de asininos. Muares, suínos, caprinos e ovinos registraram um pequeno crescimento. Aves e bubalinos tiveram um crescimento mais expressivo.



Já em relação aos produtos de origem animal o grande destaque foi a produção de leite, cujo volume produzido alcançou cerca de 243 milhões de litros. Esse montante equivale a uma produção diária de aproximadamente 666 mil litros. Entre 2010 e 2011 a produção de leite no estado cresceu 6%. O RN, porém, ainda produz menos de 1% do leite produzido no Brasil e cerca de 6% do leite produzido no Nordeste.

O estado produziu em 2011 35,7 milhões de dúzias de ovos de galinha e pouco mais de 900 toneladas de mel de abelha.





18 outubro, 2012

A Reversão do Saldo Líquido Migratório do Rio Grande do Norte

Conforme eu já demonstrei aqui em outras postagens, o Rio Grande do Norte, assim como o conjunto dos estados da região Nordeste, tradicionalmente foram um espaço de expulsão demográfica, ou seja, tradicionalmente saíram (emigraram) mais pessoas do estado do que entraram (imigraram).

O principal destino histórico das migrações do RN foram o Sudeste do país. Esse processo histórico de expulsão demográfica pode ser visualizado na tabela abaixo (com dados divulgados ontem pelo IBGE).

Como podemos ver o censo de 2010 encontrou 445.170 potiguares residindo em outra Unidade da Federação. No sudeste residiam a maioria dos norteriograndenses que abandonaram o estado, eram 215.576 pessoas (das quais 122.755 em SP). Por outro lado residiam no RN 265.629 pessoas que não eram natural do estado (exclusive as estrangeiras e aquelas que não foram identificado a UF de nascimento).

No caso da imigração a principal região de origem dos imigrantes do RN é o próprio Nordeste (184.266 pessoas), principalmente dos estados Paraíba (97.309), Ceará (37.475) e Pernambuco (29.866).

Como podemos ver, historicamente o estado só possui saldo migratório positivo com a região Nordeste.


Mas dois outros conceitos de migração demonstram que esse padrão histórico vem mudando nas últimas décadas. O primeiro indicador de que o RN vem revertendo seu saldo líquido migratório, deixando de ser um espaço de expulsão demográfica para ser um espaço de atração (ou de equilíbrio migratório), está no conceito migração de última etapa.

Nesse quesito o Censo pergunta se a pessoa vive há menos de 10 anos no estado e qual a última Unidade da Federação de residência. Assim, o indicador apresenta um balanço aproximado das entradas e saídas de naturais e não naturais do estado no espaço temporal dos últimos 10 anos. 

Por esse conceito saíram do estado nos últimos 10 anos que antecederam ao censo 2010 um total de 177.146 pessoas, tendo a região Nordeste como o principal destino dessa emigração. Por outro lado entraram no estado 133.479 pessoas, sendo a origem principal delas também a região Nordeste. Conforme podemos ver na tabela abaixo o saldo migratório do RN é positivo, inclusive com a região Sudeste do país. Somente com o Centro-Oeste há um saldo visivelmente negativo e um pequeno saldo negativo com o Sul.




Um outro indicador também revela que o estado vem revertendo seu saldo migratório. É a investigação chamada de migração por data-fixa. Nesse caso o IBGE pergunta ao indivíduo qual era sua Unidade da Federação de residência na data de 31/07/2005 (exatamente há cinco anos da data de referência do censo 2010).

Por esse indicador o estado também vem registrando saldo migratório positivo (excessão novamente para as regiões Sul e Centro Oeste).


Portanto, apesar de historicamente o estado ter perdido população e isso se revelar no fato de haver mais potiguares residindo em outros estados do que de não potiguares morando no RN, nas últimas décadas (na verdade esse fenômeno começou na segunda metade dos anos 90) o estado reverteu seu saldo líquido migratório, passando de negativo para positivo.

Na última década o RN registrou saldo positivo não mais somente com o Nordeste, mas registrou também com o Sudeste e mais especificamente com São Paulo e com Rio de Janeiro. Ou seja, entre o RN, SP e RJ os fluxos migratório já são maiores na direção de lá para cá (de SP e do RJ para o RN) do que daqui para lá. Provavelmente parte desse fluxo do Sudeste para o Rio Grande do Norte seja de migrantes de retorno, ou seja, de pessoas que em algum momento do passado migraram para lá e agora estão retornando a seu estado de nascimento.

16 outubro, 2012

RN Atinge Autossuficiência na Produção de Cimento

O primeiro semestre de 2012 consolidou a autossuficiência potiguar na produção de cimento. Entre janeiro e junho o estado produziu 546,5 mil toneladas do produto, contra um consumo aparente de 487,9 mil toneladas.

Comparado ao mesmo semestre do ano passado a produção no estado cresceu 131%. O consumo também registrou um primeiro semestre bastante aquecido, com crescimento de 19,55% sobre o consumo do mesmo período de 2011. 

O consumo desse primeiro semestre também foi cerca de 8% superior ao registrado entre julho e dezembro de 2011. 

Acredito que as obras de construção do Arena das Dunas e a construção de alguns parques eólicos no interior do estado sejam as duas principais forças responsáveis por esse aumento do consumo potiguar.

A oferta de cimento do estado provém de duas fábricas localizadas na região oeste do estado, nos municípios de Mossoró e Baraúnas.


13 outubro, 2012

O Desempenho do Comércio Varejista do RN

Como era de se esperar e o próprio blog já vinha sinalizando há algum tempo, estamos vendo agora mais claramente os sinais da recuperação do crescimento no comércio varejista do Rio Grande do Norte. Entre maio e agosto deste ano os índices mensais foram sempre positivos e chagaram a ultrapassar a marca de 10 pontos percentuais de crescimento em junho de 2012 frente a junho do ano passado.

Essa maior aceleração vem ocorrendo, porém, de forma mais acentuada com o varejo ampliado (que inclui também vendas de veículos, peças para veículos e material de construção). O maior crescimento desse segmento vem sendo puxado pelo recente afrouxamento nas políticas de crédito e pela redução das taxas de juros. O crédito mais farto e mais barato acabaram por dar mais impulso a esse segmento.


Quando comparamos o desempenho do varejo restrito com o varejo ampliado, utilizando como indicador a variação no volume de vendas acumulada em 12 meses, percebemos que a desaceleração pela qual passou a economia brasileira desde o fim de 2010 e por todo 2011 atingiu principalmente o varejo ampliado do estado. O principal canal de redução do ritmo de crescimento desse setor foi a desaceleração no ritmo de crescimento do crédito e o aumento da inadimplência. O segmento de veículos novos foi o principal responsável pela forte redução que se verificou no ritmo de crescimento do setor.

Todavia, podemos perceber nitidamente que "piso" dessa desaceleração já foi deixado para trás e ocorreu em fevereiro deste ano.


No caso do varejo restrito, embora venha ocorrendo uma recuperação nos índices mensais de crescimento. O indicador de crescimento em 12 meses ainda não apresenta sinais de aceleração. Podemos verificar que o índice não está mais em queda, todavia, diferente do indicador nacional, ainda não apresenta sinais de aceleração. Provavelmente a principal razão para isso seja a dinâmica do mercado formal de trabalho do estado, que vem registrando um desempenho abaixo do registrado pelo mercado formal de trabalho brasileiro.

Para o comércio varejista restrito do RN o crescimento acumulado em 12 meses tem oscilado em torno de 6% desde o início do ano. No caso do Brasil esse crescimento saiu do patamar de 6,6% para algo já próximo aos 8% no acumulado em 12 meses.



Para ambos os segmento (comércio restrito e ampliado), acredito que o crescimento do estado em 2012 ficará abaixo da média nacional.

11 outubro, 2012

Aumenta Geração de Energia Elétrica no RN

Na década passada o RN voltou a ser um estado produtor de energia elétrica. Antes disso o estado havia produzido eletricidade do início do século XX até aproximadamente a década de 60, quando então é criada a COSERN e o estado passa a ser abastecido pela energia proveniente da usina de Paulo afonso. No primeiro ciclo da produção de energia elétrica do estado, porém, a geração local era distribuída e o sistema elétrico estadual não era integrado. Cada município tinha seu próprio sistema térmico de geração de eletricidade e muitas empresas (sobretudo na indústria) tinham geradores próprios para movimentar suas máquinas.

A criação da COSERN promoveu a integração do sistema elétrico estadual ao sistema elétrico nacional e interligou também o sistema local. Paralelamente o estado também deixou de gerar eletricidade, uma vez que os sistemas isolados eram ineficientes.

Na década passada o estado volta a integrar o parque nacional de geração de eletricidade. Basicamente a energia gerada no estado é proveniente de duas fontes: termelétrica e eólica. A termeletricidade, por sua vez, é principalmente de origem fóssil (gás natural) através da usina Jesus Soares Pereira, conhecida por Termoaçu e localizada no município de Alto do Rodrigues. Além disso ocorre a geração termoelétrica através da queima do bagaço da cana em algumas usinas de açúcar e álcool.

Conforme podemos ver no gráfico abaixo a geração elétrica no estado teve forte crescimento no mês de setembro, puxada principalmente pela geração da Termoaçu. Na virada de setembro para outubro o estado estava gerando em média 400 MW, sendo que mais de dois terços dessa energia gerada era proveniente de geração térmica com combustíveis fósseis.

Esse aumento da geração termelétrica pelo estado decorre, sobretudo, do fato de que o Brasil está passando por um ciclo de seca e, portanto, para poupar a água dos reservatórios as usinas térmicas estão sendo acionadas com maior intensidade para dar conta do aumento da demanda.

Mas é importante destacar, porém, que o RN ainda não produz eletricidade suficiente para o atendimento total de sua demanda.



10 outubro, 2012

Exportações de Melão e Castanha em 2012

Os dois principais itens da pauta de exportações do RN são a castanha de caju e o melão. De janeiro a setembro deste ano o estado exportou um total de US$ 55,2 milhões desses dois produtos, equivalente a 32% das exportações totais no período.

Até setembro a castanha lidera as exportações do RN, com um valor acumulado no ano de US$ 31,5 milhões. Em segundo lugar vem o melão com exportações de US$ 23,7 milhões entre janeiro e setembro de 2012.

Mas a dinâmica dos dois produtos quando comparada ao mesmo período de 2011 mostra-se diferente. Em termos da valor o melão registra um crescimento de 20,7% nas exportações. A castanha, por outro lado, registra queda de 11,4%.

Em termos de volume, as exportações de melão saltaram de 27,4 mil toneladas entre janeiro e setembro de 2011 para 35,8 mil toneladas no mesmo período deste ano. O crescimento em termos de volume exportado foi de 30,7%. É importante registrar, porém, que esse aumento ainda se deve à dinâmica da safra passada. Lembro que a safra do melão começa em agosto e dura até aproximadamente março do ano seguinte. Com a forte seca deste ano, a safra de melão pode se estender com mais intensidade no início deste ano e o estado exportou melão todos os meses (fato que geralmente não ocorre em outros anos).

Com a castanha o volume exportado tem se mantido relativamente estável, com uma pequena oscilação de -0,58%. 

Mas podemos verificar que o preço desses dois produtos vem registrando queda no mercado internacional. O preço médio do melão exportado pelo RN nos primeiros nove meses de 2012 foi cerca de 7,72% menor do que a média praticada no mesmo período do ano passado. No caso da castanha a queda foi ainda mais acentuada, de 10,85%.



02 outubro, 2012

Concentração de Renda Domiciliar no RN


TEXTO CORRIGIDO EM FUNÇÃO DE ERRO NA VERSÃO ANTERIOR

A Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (PNAD) é o maior retrato da sociedade brasileira. Essa é uma pesquisa com mais de 4 décadas de existência e que vem, ao longo do tempo, retratando as transformações vividas pelo Brasil e pelos brasileiros. De tabela ela também revela o quadro econômico e social o RN e sua evolução nas últimas quatro década.

Na última sexta feira o IBGE divulgou os dados referente ao ano de 2011. 

Um dado que chama a atenção é a questão da concentração de renda domiciliar existente no estado.

Em 2011 o IBGE identificou a existência de 975 mil domicílio no RN. Deste total, 516 mil domicílios (53%) possuíam um rendimento médio mensal de até 2 salários mínimos. Auferindo uma renda mensal superior a 2 salários mínimos e até 10, havia 374 mil domicílios (38%). No topo da pirâmide, com renda mensal superior a 10 salários mínimos havia em 2011 no RN cerca de 61 mil domicílios (6% do total).


Os dados sobre a concentração de renda domiciliar no RN ganham contornos mais dramáticos quando desagregamos o número de domicílios por faixa de salários mínimos que recebem por mês  e a renda média dos domicílios situados em cada faixa.

Na base da pirâmide de renda do estado está cerca de 211 mil domicílios que recebem até um salário mínimo por mês e possuem um rendimento médio mensal de apenas R$ 393,00. No extremo oposto encontramos 20 mil domicílios (2% do total), cuja renda média mensal domiciliar é de R$ 15.676,00.

Anualmente uma família potiguar que se encontra no topo da pirâmide social local tem uma renda anual média de aproximadamente R$ 188 mil. No lado da base da pirâmide, a renda familiar média anual é de apenas R$ 4.716,00. Isso significa dizer que renda do topo da pirâmide social do RN ganha o equivalente a 40 vezes o que ganha sua base. São necessários 40 anos de rendimento dos domicílios situados na base da pirâmide para que eles aufiram a renda recebida em apenas um ano por aqueles que se situam no topo.




É certo que na última década a renda vem aumentando mais nas camadas de maior rendimento do que no topo da pirâmide social local. Todavia, o nível de concentração histórica que herdamos ainda demandará muitas décadas de esforços continuados de distribuição de renda para que se tenha uma sociedade mais igualitária.

Em qual nível da pirâmide econômica do RN você se encontra? Responda a pesquisa do Blog.