Redirecionamento

31 outubro, 2012

Estudo Nordeste Competitivo - O Rio Grande do Norte Ficando Para Trás?

Ontem (29/10) a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo denominado "Projeto Nordeste Competitivo", cujos objetivos, segundo os formuladores, é "ajudar o governo a planejar no médio e longo prazo a infraestrutura de transporte e logística para integrar  os estados da região".

Um dos destaques do estudo é a necessidade de investimento na infraestrutura portuária da região. Textualmente eles afirmam que "no caso dos portos, atualmente apenas o Complexo Portuário de São Luís e o Porto de Recife utilizam mais do que suas capacidades permitem. Em 2020, no entanto, seis portos vão operar acima da capacidade e outros dois estarão com potenciais gargalos. Os casos mais críticos devem ser os do Complexo Portuário de São Luís e do Porto de Natal."

O que mais me surpreendeu no estudo, porém, foi a MEDIOCRIDADE das alternativas logísticas propostas para o RN. Apesar do termo forte, quero demonstrar nesse pequeno texto que os projetos logísticos apresentados para o RN são insuficientes para dar conta das necessidades logísticas do desenvolvimento do nosso estado. Caso o RN tenha apenas os investimentos previstos nesse "PROJETO" o estado ficará  para trás na comparação do desenvolvimento econômico com os outros estados da região. 

A primeira indicação da nossa pouca importância no citado estudo está no volume previsto de investimentos. O documento prevê um volume total de investimentos logísticos (portos, hidrovias, ferrovias e rodovias) no Nordeste da ordem de R$ 25,8 bilhões, sendo que para o RN o volume previsto é de apenas R$ 400,4 milhões, equivalente a 1,55% dos investimentos projetados pela CNI para a região.

A segunda indicação é a lista de obras previstas para o estado.



Das quatro obras previstas, 3 já estão em andamento em diferentes fases, são elas: dragagem e construção do berço 4 no Porto de Natal e pavimentação da BR 110 entre Mossoró e Campo Grande. Portanto, de novidade há apenas a construção do trecho da BR 110 entre Janduís e Serra Negra do Norte.

No aspecto rodoviário os investimentos previstos pela CNI para o RN fazem parte de um plano mais amplo de integração do eixo rodoviário entre Mossoró/RN e Salvador/BA. 


Apesar de ter sua importância, não acredito que tal obra seja capaz mudar significativamente os rumos da economia local ou melhorar significativamente nossa logística de escoamento produtivo. Pelo menos duas outras obras rodoviárias eu seria capaz de citar em complementação a essa acima: a conclusão da pavimentação da BR 226 e, mais importante e fundamental para o desenvolvimento do estado, a DUPLICAÇÃO DA BR 304.

Mas além desse enorme "lapso" do estudo nas obras importantes no nosso modal rodoviário, o mais grave foi na questão ferroviária e portuária.

O estudo identifica uma potência área de exploração de ferro na região do Seridó potiguar, cujo volume anual de carga pode chegar 6,64 milhões de toneladas.


Ora, tais recursos são fundamentais para o estado ser inserido na malha ferroviária nacional e para a construção de um novo porto em águas potiguares.

Todavia, o estudo propõe que esse minério seja escoado por uma estrada de ferro entre Juazeiro do Norte e Suape, sendo esse, portanto, a porta de saída da produção de ferro local.

Por esses novos investimentos o estado continuaria excluído da malha ferroviária brasileira e Nordestina e perderia a chance de ter um novo porto, destinado a cargas em granéis e localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte.


Portanto, tal estudo da CNI não atende aos interesses econômicos do Rio Grande do Norte e nos condena a um retardamento no desenvolvimento comparativo da região, sobretudo em relação aos grandes estados do Nordeste: Bahia, Pernambuco e Ceará. 

Para mim, do ponto de vista da economia estadual, o destino desse estudo é a lata do lixo.

Um comentário:

Patrick disse...

Existe local adequado na costa do Rio Grande do Norte para a construção de um porto de grande calado?