Redirecionamento

23 abril, 2011

O QUE DIFENRENCIA O PREÇO DA GASOLINA EM NATAL DE JOÃO PESSOA É A MARGEM DOS POSTOS

Uma das discussões mais acalorada que tem tomado conta das ruas de Natal nas últimas semanas tem sido a forte elevação do preço dos combustíveis. A população tem reagido e os preços começaram a recuar esta semana, quando o valor máximo cobrado pela gasolina na bomba do posto caiu de R$ 2,999 para a casa do R$ 2,859.

Esse recuo, porém, ainda não apareceram nas estatísticas da ANP. Provavelmente essa queda só será detectada na divulgação dos dados na próxima segunda feira.

Uma das questões que mais tem intrigado aos consumidores é identificar as razões que determinam a diferença de preços praticados em Natal e em João Pessoa. Pelo menos duas explicações têm sido levantadas: 1) a primeira tenta atribuir essa diferença ao preço praticado pelas distribuidoras. Nesse caso o preço da gasolina aqui é mais caro porque as distribuidoras entregam uma gasolina mais cara aos postos; 2) as razões desse diferencial de preços estariam na diferença de margens praticadas pelos postos das duas cidades.

Para investigar essa questão eu fiz um longo levantamento de preços nas duas capitais, cobrindo a evolução mensal do preço da gasolina entre janeiro de 2005 e abril de 2011 (até o dia 14/04). Avaliei três indicadores básicos: 1) preço aos consumidores; 2) preço das distribuidoras; 3) margem dos postos.

O primeiro gráfico que apresento é a evolução mensal desses três parâmetros em Natal. Destaco aqui como ao longo desses últimos 76 meses ocorreu uma elevação na margem praticada pelos postos (margem é a diferença entre o preço cobrado pelo posto e aquele que ele paga á distribuidoras).

Vemos claramente quatro períodos distintos: no primeiro, que vai de janeiro a agosto de 2005, a margem de comercialização em Natal era de R$ 0,27 em média. No segundo período, de setembro de 2005 a julho de 2008, a média subiu para R$ 0,40; já no terceiro momento, entre agosto de 2008 e fevereiro de 2011 essa média subiu para R$ 0,44. Nos meses de março e abril a média voltou a subir novamente, para a casa dos R$ 0,49.

O que parece ficar claro do gráfico em questão é que sempre que as distribuidoras promovem uma elevação no preço dos combustíveis os postos de Natal aproveitam o momento para aumentarem suas margens de comercialização. Em outras palavras: os postos repassam aos consumidores um aumento de preços superior àquele aumento dado pelas distribuidoras.


Vejamos agora uma comparação entre esses parâmetros em Natal e em João Pessoa.

O primeiro indicador comparado é a diferença entre os preços cobrados ao consumidor em Natal e na capital paraibana. Vemos pelo gráfico abaixo que nem sempre a gasolina da nossa capital vizinha foi inferior aos preços praticados aqui.

Até a Operação 274 (desencadeada pela Secretaria de Direito Econômico, Secretaria de Acompanhamento Econômico, Ministério Público e Polícia Federal) de combate ao cartel, os preços de João Pessoa eram razoavelmente semelhantes àqueles de Natal e em alguns momentos (como nos meses que antecederam as ações de combate ao cartel) manifestadamente superior aos nossos.

Desde aquele momento, meados de 2007, que a gasolina na capital vizinha se manteve sempre inferior àquele praticado aqui na nossa capital. Portanto, nitidamente a ação de combate ao cartel teve um efeito firme e duradouro no preço pago pelos consumidores daquela cidade.


Vejamos agora como se comportaram, nesse período, os preços praticados pelas distribuidoras aqui em Natal e em João Pessoa.

No gráfico abaixo vemos que os preços praticados pelas distribuidoras nessas duas capitais alternavam-se até agosto de 2008. Ou seja, em alguns períodos os preços eram mais caros aqui e em outros eram mais elevados lá. A partir de agosto de 2008 os preços têm se mantido sistematicamente mais elevados em Natal.




Todavia, a diferença de preços pagos pelos consumidores natalenses não reflete o que ocorre na diferença de preços cobrados pelas distribuidoras. Enquanto a diferença de preços nos distribuidores locais e de lá gira em torno de R$ 0,05 (média de janeiro de 2010 a fevereiro de 2011), esta mesma diferença chega a R$ 0,26 na bomba do posto no mesmo período. Isso significa dizer que, caso o diferencial de preços ao consumidor refletisse tão somente o diferencial de preços praticado pelas distribuidoras, a gasolina aqui em Natal estaria R$ 0,21 mais barata.


Vemos a seguir como o comportamento da margem de comercialização dos postos dessas duas capitais passou a apresentar uma dinâmica distinta desde a operação de combate ao cartel na capital vizinha. Enquanto lá essa margem declinou, aqui a tendência foi de alta.

A OPERAÇÃO 274 foi um marco na dinâmica das duas cidades, determinando trajetórias bastante distintas, quando anteriormente apresentavam comportamento semelhante.



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