Redirecionamento

02 janeiro, 2012

A Movimentação de Cargas no Aeroporto de Natal e as Perspectivas do ASGA

A discussão em torno da transformação do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (ASGA) em um hub nacional de passageiros e de carga me fez passar os últimos dias estudando o assunto.

De cara eu afirmo categoricamente: os estudos sobre a viabilidade econômica para a concessão daquele aeroporto não levaram em consideração essa possibilidade. Portanto, o aeroporto foi "concedido" como um aeroporto "normal" de passageiros para substituir o Augusto Severo. É em vista desse aeroporto "normal" que os investimentos na empresa concessionária serão realizados.

Mas não vou aprofundar aqui essa discussão. Ainda preciso estudar um pouco mais o assunto. Mas deixo uma certeza: não há nada, absolutamente nada, que garanta que o ASGA irá se converter em um hub de passageiros e, muito menos, de carga.

Mas o meu post visa tão somente fazer uma breve caracterização do transporte de cargas por via aérea.

Entre janeiro e novembro de 2011 passaram pelos aeroportos brasileiros cerca de 1,38 milhão de toneladas de carga (não incluído a postagem aérea). Somente por Guarulhos (SP), maior aeroporto nacional, passaram um terço das cargas aéreas este ano. Aliás, os três principais aeroportos paulistas (Guarulhos, Campinas e Congonhas) respondem por mais da metade da carga aérea transportada no Brasil.

No Nordeste a liderança é dos aeroportos de Fortaleza, Recife e Salvador, que juntos respondem por menos de 10% da carga que passa nos aeroportos do país.



De janeiro a novembro deste ano passaram pelo aeroporto de Natal cerca de 6,36 mil toneladas de carga. Esse número equivale a 0,46% da carga nacional que foi transportada por via aérea no país.

O pico de carga movimentada no aeroporto potiguar foi em 2006, quando passaram por lá 11,3 mil toneladas. Desde 2007, porém, vem ocorrendo uma redução na movimentação de cargas no referido aeroporto. Em 2011 muito provavelmente o volume de carga transportada via aeroporto de Natal será inferior ao de 2010.



Como se vê, converter o ASGA em um grande aeroporto de carga não será uma tarefa fácil. Além disso, como o aeroporto não pertencerá mais à Infraero e esta terá sua parcela de controle dos aeroportos brasileiros reduzida, ficará mais difícil uma ação de política aeroportuária coordenada que induza esse aeroporto a ser um hub nacional.

Com a privatização de partes dos aeroportos brasileiros irá se acirrar a competição entre eles e também ocorrerá uma perda da capacidade de qualquer governo de interferir no perfil desses aeroportos. Isso significará, portanto, maiores dificuldades de mudança de perfil do aeroporto local. Eu só o vejo ganhando mais importância no cenário nacional de transportes de carga com uma eventual sobrecarga nos outros principais aeroportos do Nordeste: Fortaleza, Salvador e Recife.

Amanhã continuarei essa discussão e farei um post abordando apenas a questão das exportações brasileiras (e também potiguares) por via aérea.

2 comentários:

Patrick disse...

Permita-me uma sugestão de abordagem: o valor pago pelo concessionário terá como lhe proporcionar um retorno sobre o investimento? Porque se o valor pago não proporcionar um retorno factível pelo número de passageiros, é razoável estimar que o concessionário tentará faturar de outras formas, como por exemplo o transporte de cargas.

Aldemir Freire disse...

Amanhã apresentarei os dados sobre a estimativa de receitas do ASGA segundo a fonte.