Redirecionamento

15 março, 2011

ENERGIA EÓLICA NO RN: DEVERÍAMOS ATRAIR INDÚSTRIAS E NÃO SÓ USINAS

Com 41 usinas instaladas o Nordeste lidera a geração nacional de energia eólica. Essas 41 usinas totalizam 721 MW de capacidade instalada.

Na região quem detém a maior capacidade instalada é o Ceará (519 MW), seguido do Rio Grande do Norte (102 MW).

O Principal parque instalado em território potiguar é o de Alegria I, com capacidade de 51 MW. Até o final do ano será implantado em terreno localizado em área contigua a esse parque uma nova usina, chamada de Alegria II e que terá capacidade de 100,9 MW. Com a instalação dessas duas usinas o empreendimento Alegria (I e II) será o maior parque eólico da América Latina.

Em segundo lugar, dos parques já instalados, aparece a usina de Rio do Fogo, localizada no município de mesmo nome e com capacidade de 49,3 MW.


Veja abaixo uma lista com todos os empreendimentos eólicos instalados na região Nordeste, segundo dados da ANEEL.


Apesar de ocupar a segunda colocação na capacidade instalada de energia eólica no Nordeste, o RN tem condições de assumir em breve a liderança regional e nacional. Isso se dá em virtude do resultado do último leilão de energia eólica realizado no ano passado, onde os empreendimento localizados no estado que venceram a concorrência podem ampliar a nossa capacidade em mais 817 MW.

Todavia, o que tem me preocupado nesse assunto é que embora em termos de parques geradores o estado venha evoluindo nos últimos anos e demonstre uma boa perspectiva de ampliar signifcativamente sua capacidade de geração nos próximos anos, ainda estamos no zero quando o assunto é atrair indústria para atender a essas usinas que irão se instalar aqui e em outros estados do Nordeste.

Já vi várias notícias da instalação de plantas industriais de aerogeradores em alguns estados do Nordeste (notadamente Pernambuco e Ceará) mas não vi nenhuma sobre o RN.

Isso é preocupante porque o filé desse setor pode estar nas indústrias associadas aos equipamentos instalados no parque e não no parque em si. Afinal, uma pergunta sempre me vem à cabeça quando vejo um parque desses funcionado: quantas pessoas estão trabalhando aqui?

Vejam o exemplo do parque de Rio do Fogo. Depois da instalação do parque (que realmente demanda mão de obra para sua construção), não vejo um pé de pessoa trabalhando por lá. É certo que deve ter alguém, mas eu duvido muito que esse número chegue a 10 pessoas e que pelo menos uma delas seja daquele município. Com os avanços nas tecnologias de telecomando dessas usinas, a operação das mesmas acontece com a utilização de muito poucos trabalhadores.

Outro aspecto relevante é que, assim como o petróleo, a geração de energia elétrica não é tributada. Em outras palavras, tais usinas não pagam ICMS, pois esse imposto no caso da energia elétrica é cobrado apenas no destino final (consumo) e não na origem (geração).

Ora, se tais parques não geram um número de empregos relevantes durante a sua operação e nem impostos, não podem ser considerados como os melhores elos da cadeia do setor. 

Desse modo, precisamos mesmo é atrair empresas para produção de insumos utilizados nessas usinas (aerogeradores, torres, pás...) e prestadoras de serviços.

Precisamos também investir em centros de excelência na produção de conhecimentos para o setor (já temos o CTGás que atua no segmento, é alguma coisa mas não tudo). Nesse ponto a parceria entre a Petrobras e nossas universidades locais (principalmente UFRN) pode ser um bom exemplo de como um setor pode dinamizar as atividades científicas de uma localidade. Embora eu reconheça que o modelo Petrobras-UFRN não se transporta mecanicamente para o setor eólico

Portanto,  é ora de avançarmos nas nossas políticas para o setor eólico do estado e pararmos de nos contentar apenas com a expansão do parque gerador.

2 comentários:

Geraldo Pinto disse...

Caro Aldemir,
antes de tudo parabéns pelo Blog, sou leitor assíduo, é de suma importância que os olhares para o desenvolvimento da economia potiguar sejam expostos.
Com relação à atração de indústria para energia eólica não é uma tarefa simples. Em primeiro lugar a produção de insumos para a energia eólica requer uma combinação de fatores produtivos de capital intensivo (utilizam mais intensivamente o capital) que de trabalho intensivo, que utilizam intensivamento o trabalho ou mão-de-obra. É preciso definir um marco regulatório para dar segurança jurídica, uma política de créditos e incentivos, e o porte tecnológico.
Temos portanto um longo caminho a percorrer mas desde já é preciso organizarmos a transformação desse potencial em riqueza, neste aspecto sua preocupação é relevante. Mas na minha opinião se o Congresso Nacional não avançar na regulçação das energias alternativas (eólica, solar, biomassa, PCHs, ondas dos mares, etc) esta potencialidade não será plenamente aproveitada, inclusive com a possibilidade de instalação das indústrias de insumos.
Aproveito a oportunidade para convidá-lo a conhecer o CTGAS-ER
Geraldo Pinto
Diretor de Negócios do CTGAS-ER

Joseney Queiroz disse...

É verdade, não podemos ficar só com a parte 'pobre' do setor. Precisamos buscar investimentos que agreguem valor e tragam empregos para a nossa população.