Redirecionamento

28 julho, 2012

Produção e Consumo de Álcool no Rio Grande do Norte - Parte 3

Dando sequência nossa série de postagens sobre a indústria sucroalcooleira do Rio Grande do Norte, verifico agora se esse setor produz álcool suficiente para abastecer a frota de veículos que roda em território potiguar.

Antes de detalhar os dados é importante verificar alguns procedimentos metodológicos que adotei para chegar a esses números e quais as fontes de dados que utilizei.

1) para a produção de álcool anidro e hidratado no período 2001 a 2010 utilizei como fonte o "Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis", publicado pela ANP. Para os anos de 2011 e 2012 utilizei como fonte a estimativa da CONAB para as safras 2011/2012 (para o ano 2011) e 2012/2013 (para o ano 2012);

2) para o consumo de álcool hidratado utilizei os dados de volume combustíveis entregues à distribuidoras. Esses dados são publicados mensalmente pela ANP;

3) para o consumo de álcool anidro, cuja principal utilização é a mistura na gasolina automotiva, eu fiz uma estimativa a partir do consumo anual de gasolina tipo C. Para essa estimativa do volume de álcool que é necessário para compor a gasolina tipo C eu utilizei, para todos os anos, um percentual de álcool de 20%. Esse percentual é o que é praticado no momento. Sei que em determinados períodos o percentual foi diferente (ora um pouco mais ou um pouco menos), mas como não dispunha de forma fácil desses distintos percentuais, optei pela utilização dos 20%. Não acredito que compromete a qualidade dos dados finais.

A principal conclusão a que chego após esse exercício numérico é que a produção de álcool pelas usinas do RN ainda não é suficiente para o atendimento completo da demanda local.

Enquanto o estado produz cerca de 100 milhões de litros de álcool por ano, a demanda local gira em torno de 150 milhões de litros.



O maior déficit encontra-se, no momento, na oferta de álcool anidro (utilizado na mistura com a gasolina). Anualmente o consumo anual de gasolina no estado gira em torno de 500 milhões de litros. Como essa gasolina é composta por 20% de álcool, são necessários 100 milhões de litros de anidro para atender a demanda para tal mistura. Ora, conforme já mostrado em post anterior, a produção de álcool anidro no estado está em torno de 50 milhões de litros. Portanto, a oferta local é insuficiente para atender toda essa demanda.

No que diz respeito ao álcool hidratado (utilizado no abastecimento dos carros movidos a álcool e também na fabricação de bebidas alcoólicas), a produção no estado está na casa dos 50 milhões de litros. O consumo do produto, apenas como combustível, já chegou a atingir quase 100 milhões de litros em 2009. Desde então esse consumo vem caindo e provavelmente em 2012 será abaixo da oferta local do produto.



 Considerando a perspetiva de crescimento da demanda por álcool no estado (sobretudo na versão anidra), podemos dizer que não há expectativa no curto prazo de que a produção local passe a ser autossuficiente. No que diz respeito ao álcool hidratado, tudo depende da política de preços do mesmo e da gasolina. Caso o consumo do mesmo volte a ser viável para o motorista, a demanda local pode passar por um novo boom e a oferta voltará a se distanciar do volume consumido.

Podemos dizer, portanto, que do ponto de vista da demanda não há fatores que travem a indústria sucroalcooleira no RN.

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